Em Can’t Forget: A Souvenir of the Grand Tour, a voz de Leonard Cohen soa menos grave e cavernosa que de costume - basta comparar com o ao vivo Live in London, de 2009, para perceber a diferença claramente -, e apresenta um timbre que se assemelha ao do excelente ator inglês Alan Rickman, famoso pelo papel do mago Severus Snape na série Harry Potter, entre outros filmes.
Curiosidades e constatações à parte, o álbum é o registro da última turnê do compositor canadense, e traz a classe de sempre. A maioria das dez faixas foi registrada durante as passagens de som dos concertos, e traz um clima mais relax, como uma espécie de ensaio documentado. Mas não pense que isso significa algo despojado ou um relaxamento na execução, muito pelo contrário. O que se tem é um ar mais intimista, que casa perfeitamente com as inspiradas criações de Cohen.
Não fazem parte do disco clássicos imortais como “Hallelujah”, “Democracy”, “Suzanne" e outras, assim como as dobradinha presente na trilha de Assassinos por Natureza, “The Future” e “Waiting for the Miracle”. Cohen resgata faixas marcantes de sua história, como “Joan of Arc”, de 1971, e também relê canções de outros artistas, como o lamento ébrio “Choices”, de George Jones, que ganhou um arranjo inspirado unindo country, soul e gospel.
Mais um trabalho com o selo de alta qualidade onipresente em toda a obra de Leonard Cohen. Pra ouvir sem pressa, preferencialmente absorvendo as belas letras.
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