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terça-feira, 5 de maio de 2015

Três livros sobre futebol

09:09

Estou lendo três livros sobre futebol. O primeiro é A Rainha de Chuteiras, de Marcos Alvito, que traz o relato do ano em que o autor passou acompanhando o futebol na Inglaterra, em todas as suas divisões. Da milionária Premier League às apaixonantes e revigorantes divisões inferiores, Alvito conta em detalhes o que presenciou no Reino Unido, incluindo uma passagem pela Escócia para assistir ao Celtic, é claro. Ainda que o discurso às vezes resvale no clichê “público de teatro” dos estádios dos grandes clubes ingleses, a leitura vale a pena. E vale também uma pergunta: a violência foi extinta, os times tem torcedores em todo o mundo e a EPL é o campeonato mais lucrativo do planeta. Se há alguma coisa errada, não é lá, mas sim aqui, no nosso ex-país do futebol.

O segundo é Os Números do Jogo, de Chris Anderson e David Sally, um tratado em defesa do uso da estatística e dos números nos campos de futebol. A dupla expõe como o entendimento desses dados pode fazer a diferença entre as quatro linhas, com relatos e exemplos práticos, além de mostrar como essa coleta de informações se dá. Muitíssimo interessante.


E o terceiro é O Jogador Secreto, livro escrito por um ex-jogador inglês com passagens pelo British Team e por todas as quatro principais divisões do país. O atleta conta, através do relato de uma temporada mês a mês, os casos, situações, curiosidades e bizarrices que presenciou em sua carreira, quebrando a idolatria e mostrando o quão peculiar é o mundo dos jogadores de futebol, jovens e milionários, adulados e cheios de interesseiros ao redor. A identidade do autor é até hoje desconhecida, mas alguns nomes são associados ao livro. Dave Kitson, com passagens pelo Reading, Stoke e Portsmouth, é um deles. Outro é Andy Johnson, atualmente no Crystal Palace, e que já vestiu as camisas do Everton, Fulham e QPR, entre outros. E há nomes mais famosos entre os suspeitos, como Michael Owen, Gary Neville e Andy Cole, todos com passagens pelos grandes clubes ingleses. Independente disso, a leitura é deliciosa e recomendada pra quem curte o esporte.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

A pirâmide do futebol inglês

12:57

O futebol inglês tem oito divisões nacionais. Organizadas, dando lucro, atraindo público. Times da terceira, quarta divisão britânica, possuem média de 20 mil torcedores por jogo, superior à maioria das equipes do Brasileirão. Lá eles gostam de futebol, do jogo. Aqui no Brasil a maioria não aprecia o jogo, gosta apenas do seu time.

São quatro divisões principais. A Premier League, a primeira divisão, tem 20 times e nomes que todo mundo conhece como Liverpool, Arsenal, Tottenham, Everton e os dois Manchesters. A Championship é a segunda, com 24 clubes e patrocínio da Sky Bet. É o quarto campeonato mais assistido do planeta, atrás apenas da Premier League, alemão e espanhol. E é a segunda divisão. Lá estão clubes tradicionais como Birmingham , Blackburn Rovers, Fulham, Leeds United, Middlesbrough, Milwall, Nottingham Forest, Reading, Wigan e Wolverhampton, entre outros. Sobem os dois primeiros, e do terceiro ao sexto colocado disputam um play off final que não é para os fracos, com o vencedor também indo para a BPL.

Daí vamos para a terceira divisão, que é chamada de League One. Mais uma vez 24 clubes, entre eles Sheffield United, Bristol City, Fleetwood Town, Yeovil Town e Preston North End. O esquema é o mesmo da Championship: sobem os dois primeiros diretos, e mais um dos playoffs. E a quarta divisão, a League Two, com outros 24 clubes, incluindo nomes cheios de tradição como Hartlepool United, Plymouth Argyle e Portsmouth. Detalhe: todas elas estão disponíveis no FIFA, o melhor jogo de futebol para os vídeogames.

O que é fascinante nessa história toda é o tamanho e a tradição de equipes outrora lendárias e que hoje disputam, com respeito, as divisões de acesso. Está lá, por exemplo, o Leeds, sexta maior torcida da Inglaterra e maior rival histórico do Manchester United depois do Liverpool. O Leeds venceu três vezes o campeonato inglês da primeira divisão, foi cinco vezes vice, foi campeão das copas domésticas (FA Cup e League Cup) e campeão europeu. O Nottingham Forest não fica atrás: um título inglês, seis copas nacionais, bi-campeão da Champions League (1979 e 1980) e da Supercopa Européia. O mesmo vale para o Blackburn Rovers, o único time a vencer a Premier League (criada em 1992 após um racha entre os principais times do país e a federação, algo que está longe de acontecer aqui no Brasil) além dos Manchesters, Arsenal e Chelsea. O Blackburn tem três títulos ingleses, 7 copas nacionais e uma copa européia.

Essa história toda torna todas as divisões da Inglaterra fascinantes. São gigantes tentando se reerguer, se reconstruir e voltar aos dias de glória em todas elas. Um deles sempre me chamou a atenção, mas não sei dizer exatamente o motivo. Sempre gostei do Leeds, tenha uma simpatia pela equipe. Gostaria que voltassem a BPL, mas será difícil, ao que parece. O Leeds foi rebaixado para a segunda divisão na temporada 2003-2004. Por lá ficou, e em 2007 foi punido pelas altas dívidas e má administração perdendo 10 pontos no campeonato, o que o levou para a League One. Voltou para a Championship em 2010, e está lá até hoje. É um clube aparentemente má administrado, com uma torcida fanática que sonha voltar aos tempos de glória, mas a realidade está bem longe disso. Mas pode acontecer o que ocorreu recentemente com o Manchester City: como os times são empresas na Inglaterra, algum grupo de investidores pode comprar a equipe de olho no imenso potencial merdadológico que ela possui (lembrem-se: o Leeds tem a sexta maior torcida da Inglaterra) e colocar grana sem parar, contratando bons jogadores e construindo um grande time.

Pra quem curte futebol, a segunda divisão inglesa é um prato cheio. Ali está a essência do jogo: a disputa, a garra, a força, e também o talento. Não tem nada a ver com as equipes de videogame que Real Madrid, Barcelona e outros gigantes ostenta, - o que também é legal, pra ficar claro. Vale a pena conferir. Eu, pelo menos, gosto.

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