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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Um disco por dia: Lynyrd Skynyrd - Free Bird: The Movie (1996)

17:23

Uma das bandas mais cultuadas do rock, o Lynyrd Skynyrd tem uma história trágica. Dia 20 de outubro de 1977, apenas três dias após o lançamento do ótimo Street Survivors, álbum que vinha na esteira do duplo ao vivo One More From the Road, lançado no ano anterior e que consolidou o Skynyrd como um dos maiores nomes do rock norte-americano, o avião da banda caiu a caminho de um show na Universidade da Lousiana, matando o vocalista Ronnie Van Zant, o guitarrista Steve Gaines e a sua irmã, Cassie Gaines, que fazia backing vocals para o grupo, além do manager Dean Kilpatrick.

Lançado no dia 8 de agosto de 1996, quase vinte anos após o acidente, Free Bird: The Movie é a trilha sonora do documentário homônimo, que conta a carreira do grupo intercalado com imagens de diversos shows (com destaque para a apresentação no Knebworth Festival de 1976, abrindo para os Rolling Stones, onde tocaram em um palco em forma de língua e roubaram o show).

Todo o áudio de Knebworth foi restaurado pelo produtor Tom Dowd, o mesmo do clássico One More From the Road, enquanto que as versões de "What's Your Name" e "That Smell", gravadas no Convention Hall de Asbury Park, em Nova Jérsei, precisaram de overdubs de baixo, levando Leon Wilkinson a refazer as suas partes em estúdio.

Contraditoriamente, o vídeo continua inédito no Brasil (na época do seu lançamento, o VHS podia ser encomendado diretamente pelo site oficial da banda - o que fiz), enquanto que o CD ganhou versão nacional logo após o lançamento norte-americano.

Falar de um show do Lynyrd Skynyrd, o maior nome do southern rock, com a banda no auge durante a turnê de um dos seus melhores álbuns, é covardia. O disco é um desfile de clássicos, e abre com "Workin' For MCA", seguida de "I Ain't the One" e de um dos destaques do play, "Saturday Night Special", onde podemos sentir na pele todo o poder do paredão de guitarras formado por Gary Rossington, Allen Collins e Steve Gaines (só para constar: quando o Iron Maiden anunciou o retorno de Bruce Dickinson e Adrian Smith ao grupo em 1999, Steve Harris declarou não lembrar de nenhuma banda que tivesse feito algo relevante com três guitarras, com exceção do Lynyrd Skynyrd. O velho 'Arry sabe das coisas ...).

Como uma máquina do tempo que nos leva de volta ao passado, "Whiskey Rock-A-Roller" e a matadora "Travelin' Man" (outro destaque em um show repleto de pontos altos) fazem você se sentir no meio da multidão.

"Travelin' Man", aliás, merece um parágrafo a parte. Uma das melhores canções do grupo, tem a sua raiz em uma linha de baixo matadora de Leon Wilkinson, com as guitarras entrando aos poucos e se interligando completamente, como se, ao invés de três guitarristas, o Lynyrd Skynyrd tivesse apenas um, com seis braços tocando dezoito cordas. De arrepiar!

As versões de "What's Your Name" e "That Smell" presentes aqui, apesar dos overdubs citados, estão comprometidas pela qualidade do áudio, o que é uma pena, porque, além de ótimas composições, possuem um valor histórico muito grande, já que são um dos últimos registros ao vivo do grupo. Mas, mesmo assim, é um prazer incrível ouvir o solo inspiradíssimo de "That Smell", onde, mais uma vez, as guitarras de Rossington, Collins e Gaines formam uma parede sonora ao mesmo tempo poderosa e belíssima.

"Gimme Three Steps", a versão para "Call Me The Breeze" de J.J. Cale e "T For Texas (Blue Yodel No. 1)" abrem caminho para um encerramento sensacional, com os dois maiores clássicos do Skynyrd: "Sweet Home Alabama" e "Free Bird".

Marca registrada do grupo, "Sweet Home Alabama" foi gravada como uma resposta a "Southern Man" de Neil Young (do álbum After the Gold Rush, de 1970), crítica feroz do artista canadense ao comportamento racista predominante nos estados do sul dos Estados Unidos, pivô de diversos conflitos raciais e local de origem de associações como a Klu Klux Klan. Essa música encerra o registro do show em Knebworth.

Já "Free Bird" foi gravada em um estádio lotado durante o evento Day on the Green, no dia 3 de julho de 1977, alusivo à independência norte-americana, e traz uma emoção palpável. Quem assistiu ao vídeo lembra do estado do público, que parecia estar em transe coletivo enquanto a banda executava a música. Esse clima também pode ser sentido no registro em CD, onde o grupo toca o seu maior hino de maneira perfeita, com destaque para o pequeno solo improvisado pelo pianista Billy Powell e, é claro, para a guitarra de Allen Collins, que durante mais de seis minutos toca alucinadamente, em um dos maiores solos da história do rock. Pouco mais de três meses depois, a banda cairia literalmente dos ares e ficaria esfacelada.

Fechando o disco temos uma versão de "Dixie", canção que é considerada quase um hino sulista, executada pelo artista Bruce Brown.

Quem quer entender o rock and roll e suas transformações em seis décadas de vida precisa conhecer certas bandas, certos álbuns e certas músicas. Free Bird: The Movie mostra um dos maiores grupos dos anos 1970 no auge, com a sua melhor formação (Ronnie Van Zant no vocal, Gary Rossington, Allen Collins e Steve Gaines nas guitarras, Leon Wilkinson no baixo, Billy Powell no piano e Artymus Pyle na bateria), tocando em um de seus últimos shows. Precisa de mais algum motivo para ter este disco?

Acho que não.

Todos os dias, um review analisando um título da minha coleção. Leia no volume máximo e com a air guitar plugada.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

O nascimento do Lynyrd Skynyrd

10:26

Um monstro feroz e faminto, louco para devorar os concorrentes e conquistar o seu território, sem medo e sem dó de ninguém. Essa definição cai como uma luva na estreia do Lynyrd Skynyrd, (pronounced leh-nerd skin-nerd), que chegou às lojas em 13 de agosto de 1973. Natural da Flórida, da cidade de Jacksonville, o grupo formado por sete caipiras casca-grossa entrou de sola no rock norte-americano do início dos anos setenta, aprimorando as influências da Allman Brothers Band e fundindo-as ao blues e ao country, parindo um novo estilo, batizado geograficamente como southern rock.

A banda viveu a sua adolescência e atingiu a sua maturidade nos botecos de beira de estrada do sul dos Estados Unidos, embebida com whisky sem gelo e generosas doses de bacon. O Skynyrd cansou de tocar em bares frequentados por caminhoneiros, motoqueiros e outras tribos má vistas pela sociedade norte-americana, evoluindo a simbiose entre seus músicos, perdendo a virgindade imaculada em espeluncas fedorentas e repletas de testosterona.

Quando chegou para gravar seu primeiro álbum, o grupo sabia exatamente onde queria chegar, e, mais importante, como chegar onde queria. As oito faixas de (pronounced leh-nerd skin-nerd) exalam um frescor e uma força contagiantes, com inspiração e classe surpreendentes para uma banda até então novata. Com todas as letras compostas por Ronnie Van Zant, cantor e alma do Skynyrd, as composições tiveram a sua autoria alternada entre os guitarristas Gary Rossington, Allen Collins e Ed King, demonstrando, já de saída, de onde vinha a usina criativa do conjunto.

A característica contagem de Ronnie, seguida por uma levada de bateria carregada de phaser, antecede o riff clássico de "I Ain´t the One", faixa de abertura do LP e um dos grandes hinos da carreira da banda. O piano de Billy Powell contrasta com as guitarras do trio de ferro, enquanto a cozinha formada pelo baterista Robert Burns e pelo baixista Leon Wilkerson (que tocava com a banda antes do álbum ser gravado, saiu por um breve período e retornou após a gravação do disco - o instrumento é executado pelo guitarrista Ed King no play) dá o tom certo para o groove desconcertante de "I Ain´t the One".

"Tuesday´s Gone" é a primeira das três baladas inesquecíveis presentes no disco. Com sua melodia levada no slide de Rossington, é uma espécie de irmã gêmea de "Free Bird". Ronnie canta carregado de sentimento, com sua voz anasalada derramando sensações sobre nossos ouvidos. A parte central da faixa, com uma belíssima passagem instrumental que começa com um pequeno solo de Powell e termina em uma orquestração, é um dos momentos mais brilhantes e arrepiantes da carreira do Skynyrd.

Mas assim como sabia fazer baladas como poucos, quando resolvia que o negócio era o rock o Skynyrd também soava de forma ímpar. "Gimme Three Steps" prova isso de maneira exemplar, com um riff repleto de groove, levado por Gary Rossington novamente em seu slide. Um dos pontos altos dos shows da banda, "Gimme Three Steps" está no mesmo patamar de canções como "Saturday Night Special" e "Working for MCA", faixas que estão marcadas no DNA de qualquer fã de southern rock.


O dedilhado antológico de guitarra que abre "Simple Man" tem o poder, até os dias de hoje, de transportar para outros mundos qualquer alma com um mínimo de sentimento, escalando suas notas como escadarias para o céu, voando cada vez mais alto. Por si só "Simple Man" já é uma canção que leva os mais sensíveis às lágrimas, com sua letra confessional cantada por Ronnie com o coração na boca. Mas, ao assistir ao documentário Free Bird - The Movie, que mostra um dos últimos shows do grupo, tocando no lendário Festival de Knebworth eam 1977 abrindo para os Rolling Stones e que tem em seu encerramento "Simple Man" rolando sobre cenas amadoras feitas pelos próprios músicos, mostrando a banda na intimidade, é de deixar qualquer fã aos prantos. Destaque para a levada de bateria de Robert Burns, sensacional com suas viradas e ataques aos pratos e na caixa.

Entre "Simple Man" e "Free Bird", que encerra o LP, temos três faixas não muito badaladas, mas que são provas irrefutáveis do talento do conjunto. "Things Goin´ On" nos transporta para um cabaré no meio do Alabama, repleto de desinibidas dançarinas mostrando suas cintas-ligas sem pudor nem vergonha. A acústica "Mississippi Kid" parece nascida no meio de uma plantação no sul dos Estados Unidos, entre trabalho pesado, sol escaldante e uma vontade irresistível de estar em outro lugar. E "Poison Whiskey" tem no excelente riff de Ed King seu melhor momento, enquanto Ronnie canta os perigos de se beber um whisky batizado pelo próprio demo.

Fechando (pronounced leh-nerd skin-nerd) está ninguém menos que "Free Bird", o maior hino da carreira do Lynyrd Skynyrd, faixa suprema do southern rock, composição que mostra todo o poder de fogo da parede altamente inflamável formada pelas três guitarras de Rossington, Collins e King. Uma canção divina, um momento de inspiração daqueles que, quando muito, se tem apenas uma vez na vida, "Free Bird" desafia adjetivos, interpretações e tentativas de transpor para o papel o que suas notas nos fazem sentir. Contemplativa, riquíssima musicalmente, frágil e comovente, é o testamento do Skynyrd escrito já em seu nascimento. Uma faixa sem parâmetros no rock, sem igual nas mais de seis décadas de vida do estilo criado por Chuck Berry e traduzido para as plateias brancas e racistas norte-americanas por Elvis Presley. Sua introdução com a melodia levada por Rossington no slide antecede uma explosão sonora estupenda, onde Allen Collins faz o solo de sua vida em quase cinco minutos de notas faiscantes e que rasgam o ar, tornando reais cores, almas e todos os demais seres que vivem nesse mundo e em todos os outros.

(pronounced len-nerd skin-nerd) foi uma estreia que fez brilhar os olhos dos amantes do rock, nos EUA e em todo o mundo. A expectativa se cumpriu em álbuns excelentes como Second Helping (1974, que tem o maior hit do grupo, a imortal "Sweet Home Alabama") e em pelo menos mais uma obra-prima, o canto do cisne Street Survivors, lançado no dia 17 de outubro de 1977, três dias antes do fatídico dia 20, data do trágico acidente aéreo que vitimou a banda e matou Ronnie Van Zant, o novato e promissor guitarrista Steve Gaines e sua irmã Cassie Gaines (backing vocal do grupo). Mas isso é assunto para outro dia.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Pra começar a ouvir: Lynyrd Skynyrd

11:11

Origem: 1964, Jacksonville, EUA

Formação clássica: Ronnie Van Zant (vocal), Gary Rossington (guitarra), Allen Collins (guitarra), Ed King (guitarra), Leon Wilkeson (baixo), Billy Powell (teclado e piano) e Artimus Pyle (bateria)

Músicos importantes que passaram pela banda: Bob Burns (bateria), Steve Gaines (guitarra), Rickey Medlocke (guitarra), Johnny Van Zant (vocal) e Hughie Thomasson (guitarra)

Gênero: southern rock

Características principais: ao lado da Allman Brothers Band, o grupo responsável por definir o que seria conhecido como southern rock, unindo características de rock, blues e country em uma sonoridade marcada por intrincados jogos de guitarra, longos solos e baladas repletas de feeling

Fase áurea: 1973 a 1977

O clássico: Pronounced ‘leh-nérd ‘skin-nérd (1973)

Discos imperdíveis: Second Helping (1974) e Street Survivors (1977)

Ouça também: Nuthin’ Fancy (1975), Gimme Back My Bullets (1976), Endangered Species (1994), Vicious Cycle (2003) e God & Guns (2009)

Álbuns ao vivo recomendados: One More From the Road (1976), Southern by the Grace of God: Lynyrd Skynyrd Tribute Tour 1987 (1988), Free Bird: The Movie (1996), Lyve From Steel Town (1998) e Lyve: The Vicious Cycle Tour (2004)

Compilações recomendadas: Gold & Platinum (1979), Anthology (1987), Skynyrd’s Innyrds: Their Greatest Hits (1989), Lynyrd Skynyrd Boxset (1991), The Essential Lynyrd Skynyrd (1998) e The Collection (2001)

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