quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A passo ousado que reinventou o The Who


Lançado em 1971 e considerado por muitos o melhor trabalho do The Who, Who's Next possui uma história tão rica quanto suas nove clássicas canções. 

Após o enorme sucesso alcançado por Tommy, a banda estava esgotada e de saco cheio da ópera rock que a consagrou. Buscando novos desafios, o grupo mergulhou em um projeto capitaneado por Pete Townshend chamado Lifehouse, que consumiu um ano de trabalho e parecia não levar a lugar nenhum. Estressados uns com os outros, com o grupo se destruindo internamente e com seu líder e principal compositor quase cometendo suicídio, o The Who resolveu recomeçar tudo do zero.

O primeiro passo foi demitir o produtor Kit Lambert, responsável por Lifehouse, e que estava com a banda desde o início. Glyn Johns chegou e foi essencial para que as coisas começassem a funcionar. Ouvindo tudo que já havia sido produzido para Lifehouse, Johns selecionou aquelas que considerou as melhores composições e as apresentou ao grupo. Foi só a partir deste momento que Townshend, Daltrey, Moon e Entwistle perceberam que tinham um ótimo material nas mãos. Empolgados, começaram a trabalhar nos rascunhos apresentados por Johns, evoluindo alguns arranjos, reescrevendo letras, enfim, transformando o que antes não passavam de ideias mal estruturadas em alguns dos maiores hinos da história do rock.

Who's Next abre com “Baba O´Riley” e sua característica introdução marcada pelo sintetizador tocado por Pete. De imediato, e até hoje, chama a atenção a sonoridade que a banda e o produtor conseguiram registrar no disco.

Além da canção de abertura, outras duas composições acabaram marcando Who's Next. A primeira é a linda balada “Behind Blue Eyes”. Construída a partir do violão de Pete, emociona com suas inspiradas linhas vocais, até alcançar o ápice com uma explosão sonora típica do grupo.

A outra é “Won´t Get Fooled Again”, espécie de mini-ópera progressiva e que, com o passar dos anos, se transformou em uma das canções mais emblemáticas da banda. Repleta de mudanças de andamento e com fartas doses de peso, traz uma letra inspiradíssima de Townshend e é, ainda hoje, impressionante.


Algumas curiosidades a respeito de Who's Next precisam ser mencionadas. A primeira é a respeito do nome do disco. Querendo se distanciar da sombra de Tommy, o grupo decidiu incluir o “next” no título como um sinal de que estava virando uma página em sua carreira, e que a partir dele surgiria um novo The Who. Outra é a respeito de sua capa, que traz os quatro urinando em um monolito localizado no Easington District Colliery, em County Durham, e que, ao mesmo tempo que é uma clara referência ao filme 2001: Uma Odisseia no Espaço, lançado em 1968, é também uma metáfora ao seu passado, com o grupo mostrando claramente que estava buscando novos caminhos.

Vale citar que a qualidade mostrada pela banda em Who's Next foi reconhecida tanto pelos fãs, que compraram o disco maciçamente, quanto pelo crítica, que até hoje o considera um dos álbuns mais importantes da história.

Para quem quiser conhecer o disco, recomendo a edição remasterizada lançada em 1995, que traz, além das músicas originais, as faixas “Pure and Easy”, “Baby Don´t You Do It”, “Naked Eye”, “Water”, “Too Much for Anything”, “I Don´t Even Know Myself” e “Behind Blue Eyes”. A versão deluxe, lançada em 2003, também é fantástica, trazendo outakkes gravados no estúdio Record Plant em Nova York e uma apresentação da banda no The Young Vic, ambas registradas na época do lançamento original.

Mais que um clássico, Who's Next é um álbum absolutamente fundamental para quem busca entender o rock and roll. 

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