sexta-feira, 5 de junho de 2015

Pra começar a ouvir: Pantera

16:46

Origem: 1981, Texas, EUA

Formação clássica: Phil Anselmo (vocal), "Dimebag" Darrell Abbott (guitarra), Rex Brown (baixo) e Vinnie Paul (bateria)

Gênero: groove metal

Características principais: a banda que popularizou o groove no heavy metal. Os riffs sincopados e a guitarra inventiva de Dimebag soavam diferentes de tudo o que já havia sido feito, e influenciaram definitivamente o gênero. Agressivo, pesado e hostil, o quarteto mudou o metal produzido a partir da década de 1990

Fase áurea: 1990 a 2000

O clássico: Vulgar Display of Power (1992)

Discos imperdíveis: Cowboys From Hell (1990), Far Beyond Driven (1994) e The Great Southern Trendkill (1996)

Ouça também: Reinventing the Steel (2000)

Álbuns ao vivo recomendados: Official Live: 101 Proof (1997) e Far Beyond Bootleg: Live From Donington ’94 (2014)

Compilações recomendadas: Reinventing Hell: The Best of Pantera (2003)

Vídeos recomendados: Cowboys From Hell - The Videos (1991), Vulgar Video (1993), 3: Watch It Go! (1997) e 3 Vulgar Videos From Hell (1999)

Precisamos falar sobre preconceito

16:11

Ninguém escolhe ser gay. Até porque não se trata de escolha: é algo natural. Você não precisa ser aceito: você nasce assim. Algo que diz respeito somente ao indivíduo não deveria ser objeto de tanta discussão. Não me interessa por quem a minha vizinha está se apaixonando. Não me interessa com quem o meu amigo está saindo. É tão simples.

O recente caso do comercial da Boticário levantou o assunto, mais uma vez. Milhares de pessoas dando “dislikes" no vídeo no YouTube, culminando com uma ação no CONAR, órgão que regulamenta a publicidade brasileira. E porque? Por mostrar casais homossexuais em seu dia a dia, comprando presentes para seus parceiros. Porque tamanha indignação com isso? 

Uma pergunta pra se pensar: o que a igreja, o que a religião, tem a ver com a sexualidade de seus súditos? Seria mais pertinente para a Igreja Católica, por exemplo, olhar para dentro e combater os inúmeros casos de pedofilia relacionados a padres e bispos do que discursar contra a natureza de seus fiéis. O homossexualismo, tanto masculino quanto feminino, existe desde sempre. Desde que o ser humano surgiu. É algo natural. Sempre foi e sempre será.

Me assusta o modo como o Brasil encara questões como essa. Estamos nos revelando um país conservador ao extremo. Não sei de onde vem isso. Se da ignorância do povo ou da pregação repleta de preconceito e ódio vinda das mais variadas religiões - ou de ambas, já que me parece que os dois casos andam juntos. Católicos, evangélicos, protestantes, fãs de Edir Macedo: o mundo seria bem melhor se o fazer o bem ao próximo fosse colocado efetivamente em prática e não ficasse apenas no discurso.

Vale sempre a pergunta: você conhece algum gay? Já conviveu com algum homossexual? Ou acredita que todos são o estereótipo que você assiste na TV? Nesse ponto, a televisão presta um desserviço à sociedade. O que vou escrever a seguir pode parecer chocante, mas não ligo pra isso: um homossexual é igual a qualquer pessoa (estou sendo irônico, caso alguém não tenha entendido, vai saber …). Uma pessoa com sonhos, com projetos de vida, com anseios, medos e tudo mais que você e eu, e todos nós, temos. Ele vai estudar e crescer, executando a sua profissão. Vai cuidar e amar a sua família, os seus pais, os seus irmãos, os seus filhos. Vai ser um bom amigo. Vai ser divertido, vai ter momentos em que está triste. Vai ser exatamente como uma pessoal “normal”, porque ele é, acima de tudo, normal.

Eu não sei o que leva alguém a ter preconceito contra homossexuais, ou contra negros, ou contra judeus, ou contra sei lá o que. Até acredito que os próprios donos desses pré-conceitos não saibam os motivos para agirem assim. Provavelmente, estão apenas nadando com a maré. Cada indivíduo é único, diferente, original e especial sendo exatamente quem ele é. É muito mais prazeroso viver a sua própria vida do que se preocupar com o que os outros estão fazendo.

Não há nada de errado em ser um homossexual. Não há nada de errado em ser um negro. Não há nada de errado em ser um homem. Não há nada de errado em ser uma mulher. Não há nada de errado em ser humano. Não há nada de errado em ser quem você é. 

Fábulas #20: Camelot, de Bill Willingham e Mark Buckingham

12:00

O vigésimo encadernado de Fábulas lançado pela Panini marca uma transformação na série criada por Bill Willingham: um de seus protagonistas está (aparentemente?) morto, enquanto os sobreviventes clamam por vingança. A família lobo enfrenta uma transformação sem precedentes, com Inverno assumindo o posto de Vento Norte e Tereza retornando de uma traumática experiência na Brinquedolândia - de onde seu irmão Dare não retornou. Enquanto isso, Branca de Neve tenta, literalmente, juntar os cacos.

Para enfrentar tudo isso, Rosa Vermelha, irmã de Branca de Neve e líder da Fazenda (local onde vivem as fábulas que não possuem aparência humana) resolve criar um novo Camelot, despachando emissários para vários mundos em busca de candidatos para a sua Távola Redonda. E assim uma nova jornada começa.

Willingham segue criando roteiros criativos, explorando as possibilidades dos vários personagens da trama e inserindo novos nomes à sua história. E tudo isso construído com diálogos inteligentes, que destoam do comum. A arte de Mark Buckingham segue o mesmo nível elevado, com ilustrações complexas e cheias de detalhes, além das já tradicionais molduras no fundo das páginas, que tornam o resultado ainda mais atraente, de encher os olhos. 

Com 260 páginas e papel couché brilhante, Fábulas #20 segue o padrão editorial das edições anteriores e agradará em cheio quem acompanha a série. Deixando a história solta em seu final, sem revelar o aguardado destino de seus principais protagonistas, Bill Willingham entrega uma edição de transição, responsável por aumentar ainda mais a expectativa pelos próximos capítulos de sua aclamada criação.

As edições da Panini estão chegando ao final da série, com a cronologia apresentando as edições 130 a 140 neste volume. Como a séria original acabou no número 150 lá fora, provavelmente teremos apenas mais um volume nas bancas. Independente disso, a certeza que fica é que trata-se de uma das melhores HQs disponíveis no mercado. Caso ainda não tenha lido, já passou da hora de mergulhar neste universo fantástico.


Amendoins transformados em ícones pop, comerciais contra a homofobia e a história da revista Placar

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Pra começar a ouvir: Machine Head

17:40

Origem: 1991, Oakland, EUA

Formação clássica: Rob Flynn (vocal e guitarra), Phil Demmel (guitarra), Adam Duce (baixo) e Dave McClain (bateria)

Músicos importantes que passaram pela banda: Logan Mader (guitarra) e Jared Maceachern (baixo)

Gênero: thrash metal

Características principais: a banda que uniu, de forma definitiva, o thrash ao groove. Refrãos fortíssimos, carregados de emoção, são a marca principal do grupo. Além disso, os riffs tipicamente thrash evoluem para passagens instrumentais repletas de melodia que bebem direto na herança da New Wave of British Heavy Metal

Fase áurea: 2003 até a atualidade

O clássico: Unto the Locust (2011)

Discos imperdíveis: Burn My Eyes (1994), The Blackening (2007) e Bloodstone & Diamonds (2014)

Ouça também: The More Things Change … (1997) e Through the Ashes of Empires (2003)

Álbuns ao vivo recomendados: Hellalive (2003) e Machine F**king Head Live (2012)

Vídeos recomendados: Elegies (2005)

Hot Girls Wanted (2015)

13:04

O egocentrismo digital, a cultura do selfie e o mundo ao redor do umbigo são algumas das principais características do mundo atual. Mais do que ser, é preciso parecer ser. Mais do que aproveitar um lugar, é preciso mostrar que esteve lá. Todos esses aspectos levaram a uma espécie de humanização às avessas, e refletem em diversos meios. A publicidade mais e mais mostra marcas que querem se aproximar de seus consumidores retratando situações de suas vidas. O cinema, as séries de TV, exploram a estética dos filmes feitos pelos próprios espectadores como recurso para conquistá-los. O YouTube está repleto de canais produzidos por pessoas como eu e você, e que não ficam devendo praticamente nada ao que chega das grandes emissoras - criativamente, muitos estão milhas à frente.

E é claro que todo esse universo construído em torno do individualismo chegaria à principal paixão proibida do ser humano: a pornografia. Os sites especializados no tema estão repletos de vídeos “caseiros” que mostram o cotidiano de jovens retratados de forma “espontânea”, buscando no dia a dia dessas pessoas uma suposta autenticidade para intensificar o prazer de assistir outras pessoas fazendo sexo. É justamente esse cenário que o documentário Hot Girls Wanted retrata. Lançado no início do ano no Sundance Film Festival, o fime dirigido pela dupla Jill Bauer e Ronna Gradus acompanha a vida de jovens desconhecidas que decidem se aventurar pela pornografia, em vídeos classificados como pro amateur, com toda uma produção profissional trabalhando para alcançar cenas com a estética amadora e de acordo com a cultura selfie.

O documentário apresenta uma série de jovens norte-americanas, e conta a história de cada uma delas. Há a garota que quer sair do interior em busca de grana em uma cidade maior. Há a menina que está curtindo tudo e adora a liberdade que conseguiu. Há a loirinha bonitinha que só transa quando está filmando, e acha estranho fazer o mesmo quando não está na frente das câmeras. São diversas situações peculiares, algumas estranhas, e que mostram o quão complexas são as questões sexuais para cada indivíduo. Um dos aspectos que mais chama a atenção em Hot Girls Wanted é a vida extremamente curta destas garotas no cenário da pornografia. O tempo médio de uma jovem atriz neste universo varia de 4 a 6 meses, período em que filmam entre três e cinco vídeos por semana, recebendo entre 800 e 1.000 dólares por cena. O valor vai subindo conforme a disposição em interpretar temas mais pesados e controversos.

Bauer e Gradus mantém a mão leve durante quase toda a duração do filme, mas derrapam no sentimentalismo exagerado ao mostrar a família das jovens e a dúvida que cada uma delas tem em seguir ou não no mercado. Neste trecho do filme, o uso de trilhas sentimentais e closes nos rostos de mães, pais e filhas acaba passando um pouco do ponto, comprometendo o resultado final do filme. Uma abordagem menos previsível seria mais satisfatória.

Apesar disso, Hot Girls Wanted vale a pena. O documentário retrata com precisão os anseios e sonhos de uma geração de garotas dispostas a tudo para se tornarem conhecidas e famosas, acumulando mais e mais seguidores em suas redes sociais. Uma corrida fútil alimentada pelo próprio ego, e que é um dos principais combustíveis da indústria da pornografia.

O filme está disponível na Netflix.

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