quinta-feira, 28 de maio de 2015

The Atomic Bitchwax - Gravitron (2015)


Quando o hard rock surgiu na virada dos anos 1960 para 1970, ele era hard mesmo. O som de bandas como Led Zeppelin, Cactus, Uriah Heep, Cream, Deep Purple, Hendrix e outros pioneiros da pauleira era pesado, áspero, duro, cortante e penetrante. Não havia nada de sutil naqueles riffs, nada de delicado naqueles vocais, nada de discreto naquelas batidas. E foi justamente o contraste entre esse som novo e perturbador e a delicadeza, positivismo e sensibilidade do pop de então que fez com que o gênero se popularizasse, conquistando corações e mentes em profusão.

Porém, durante a década de 1980, o hard sofreu uma transformação e passou a soar mais adocicado. A cena norte-americana, que teve o seu epicentro em Los Angeles, deu ao mundo uma nova geração de bandas que aproximou o hard do pop ao mesmo tempo em que ostentava figurinos chocantes e de gosto duvidoso. Apresentando influências principalmente de Led Zeppelin e Aerosmith - pai e mãe do Guns N’ Roses -, nomes como Ratt, Mötley Crüe, Bon Jovi e outros, cada uma a sua maneira, colocou o seu tijolo na construção do que uns chamam de glam metal e outros preferem definir como hard farofa. E a partir de então, o termo hard rock passou a ter um significado dúbio, variando o seu entendimento conforme o gosto pessoal e a geração de cada indivíduo.

Mais recentemente, uma nova leva de bandas tem retomado os ensinamentos dos pioneiros dos anos 1970 e voltou a fazer o hard soar novamente direto, pesado e sem frescuras. É o caso dos grupos de stoner da década de 1990, e de nomes mais recentes como Graveyard, Rival Sons, Kadavar, Scorpion Child e afins. 

Os norte-americanos do The Atomic Bitchwax já são veteranos na estrada. A banda surgiu em Nova Jérsei em 1993, e desde então o trio lançou uma bela sequência de discos. O mais recente, Gravitron, saiu no final de abril e é, sem dúvida, um dos melhores trabalhos do grupo. Após um silêncio de quatro anos, a banda formada por Chris Kosnik (vocal e baixo), Finn Ryan (guitarra e vocal) e Bon Pantella (bateria) retornou com um trabalho furioso, que exala uma fumaça com cheiro suspeito.

Gravitron possui dez faixas espalhadas por pouco mais de meia hora de música. É energia pura, em uma atitude quase punk, que faz com que o hard dos caras soe urgente e agressivo, como deve ser. Não há espaço para enrolação. As canções são curtas - a mais longa não chega a cinco minutos - e vem com uma performance inspirada, com versos que desembocam em refrãos interessantes e nos onipresentes solos de guitarra. E, quando não sentem necessidade de colocar uma letra, os rapazes entregam faixas instrumentais mesmo, onde as palavras soam totalmente desnecessárias - casos de "Fuckface" e "War Claw", por exemplo.

É bom demais, e muitas vezes extremamente necessário, colocar os ouvidos em discos como esse. O mundo anda muito correto, muito certinho, muito coxinha, e é preciso sujar um pouco as coisas. O The Atomic Bitchwax foi feito na medida pra quem quer uma música onde o que mais importa, sempre e sem dúvida, é o peso, a pauleira, pura e simples. Se essa é a sua praia, está aí um dos grandes álbuns do ano.

Um comentário:

  1. Bela banda. O primeiro CD é um clássico do gênero. Este também é bem bacana.

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