quinta-feira, 30 de julho de 2015

Um disco por dia: Baroness - Yellow & Green (2012)


Há uma mudança de curso em Yellow & Green, terceiro disco da banda norte-americana Baroness. Pretencioso até a alma e bom até dizer chega, o álbum - duplo, com 18 faixas - traz o quarteto investindo em uma sonoridade mais ampla, que vai muito além do sludge com elementos progressivos dos trabalhos anteriores, Red Album (2007) e Blue Record (2009).

Produzido por John Congleton (Modest Mouse, Okkervil River, The Polyphonic Spree), Yellow & Green é um trabalho repleto de detalhes. Pesado, psicodélico, atmosférico e experimental, tudo ao mesmo tempo, o disco coloca os holofotes da música pesada focados no grupo. Resumindo em palavras: neste disco, o Baroness soa como se o Radiohead tocasse heavy metal. Não há limites, a criatividade é onipresente, não existem preconceitos, os medos e receios foram todos embora. Isso faz com que cada faixa seja imprevisível, cada composição seja um choque. E é justamente essa sensação que faz Yellow & Green ser um disco tão impressionante.

Indo muito além do padrão e fugindo das conveniências, o Baroness arrebata. John Baizley e Peter Adams derramam guitarras gêmeas inspiradas em diversos momentos, enquanto Matt Maggioni e Allen Bickle - baixista e baterista, respectivamente - trabalham como um ser único de duas cabeças, quatro braços e um mesmo objetivo. 

A principal qualidade de Yellow & Green é que trata-se de um álbum que tem como ingrediente principal algo cada vez mais em falta na música: a alma, o coração. As canções emocionam, as melodias são simples. O sentimento é palpável e contagia o ouvinte.

É até um pouco estranho uma banda atual lançar um álbum duplo com 18 faixas inéditas. Mas mais surpreendente que isso é o fato de essas faixas serem todas pertinentes, fazendo com que os pouco mais de 70 minutos do disco passem rápido e sem traumas. Há reminiscências de Pink Floyd, Mastodon e Radiohead aos montes durante todo o play, em uma tapeçaria sonora precisa e tocante.

“Take My Bones Away”, primeiro single, é uma das melhores músicas dos últimos anos. “Eula”, o segundo, é o tipo de faixa com poder para conquistar uma pessoa por anos. “Cocainium” soa como se o Mastodon tivesse gravado Ok Computer. A beleza e a melancolia são onipresentes em Yellow & Green.

Quando se é um consumidor, um colecionador de discos e um ouvinte de música há um certo tempo - no meu caso, há 30 anos -, a gente aprende a identificar, de imediato, aqueles trabalhos que são mais que simples CDs ou LPs, e que irão nos acompanhar por toda a vida. Yellow & Green é um deles. Um novo parceiro, que chega e já encontra o seu lugar confortável na vida de quem curte um som inovador, original e sem medo de experimentar novos caminhos. 

Música com vida e com alma, capaz de deixar qualquer um com o coração na boca: assim é Yellow & Green, um dos grandes discos desta década.

Ouça e dê um presente para a sua vida.

Todos os dias, um review analisando um álbum da minha coleção. Leia no volume máximo, ouça com atenção.

3 comentários:

  1. Conheci a banda contigo. Ótima banda. Ótimo Disco.. Continue na sua empreitada.. Precisamos de novos sons de qualidade no metal e Hard...

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  2. Conheci a banda contigo. Ótima banda. Ótimo Disco.. Continue na sua empreitada.. Precisamos de novos sons de qualidade no metal e Hard...

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  3. Esse play do Baroness chega arrepiar pois, como você disse Ricardo, foi feito com alma e coração.Dois elementos importantes que foram esquecidos
    em lançamentos de veteranas bandas de Rock.

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