sexta-feira, 14 de agosto de 2015
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Ricardo Seelig
11:32
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O novo clipe do Iron Maiden, como perder gordura abdominal e filmes infantis para adultos
Ricardo Seelig
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quinta-feira, 13 de agosto de 2015
Música
Fire and Water, lançado no final de junho de 1970, é o disco mais conhecido do Free. Maior sucesso comercial da banda, traz alguns dos grandes clássicos dos ingleses, como a antológica "All Right Now", o hard cheio de classe de faixa-título e o pesadíssimo blues “Mr. Big". Todo esse reconhecimento acaba, mesmo involuntariamente, ofuscando os outros trabalhos do grupo, fazendo com que os holofotes estejam focados em um único lugar. Por isso, escrever sobre um álbum como Free, segundo registro do quarteto inglês, é uma obrigação repleta de prazer.
Após lançar Tons of Sobs em novembro de 1968, Paul Rodgers, Paul Kossoff, Andy Fraser e Simon Kirke entraram em estúdio em abril de 1969 e começaram as gravações de seu segundo disco. A sonoridade do segundo disco transita entre o blues de Tons of Sobs e o hard que marcaria o próximo trabalho. Além disso, há algumas pitadas de soul (principalmente nas interpretações Rodgers) e funk (na malícia da guitarra de Kossoff e no balanço da cozinha de Fraser e Kirke), o que coloca um tempero a mais na já muito bem azeitada sonoridade do grupo.
O trabalho abre com "I'll Be Creepin´", um blues funk sacana e sensual. Primeiro e único single do álbum (cujo lado B trazia "Sugar for Mr. Morrison"), destaca-se pela linha segura do baixo de Fraser e pela voz única de Rodgers, que canta com um sentimento que vem do fundo da alma. A cativante "Songs of Yesterday", um dos cavalos de batalha da banda, tem um excepcional trabalho de guitarra de Paul Kossoff, repleto de classe e sentimento. A reflexiva "Living in the Sunshine" exterioriza as influências soul de Rodgers e, simultaneamente, mostra toda a sensibilidade de Kossoff ao violão.
O clima volta a esquentar com "Trouble on Double Time", um hard repleto de balanço onde o destaque é a interpretação de Paul Rodgers. O contraponto vem com "Mouthful of Grass", uma bela composição onde coros vocais surgem no arranjo, acrescentando doses generosas de harmonia à canção. Como curiosidade, vale citar que "Mouthful of Grass" foi lançada como b-side do single de "All Right Now" em maio de 1970, funcionando como perfeita antítese ao apogeu hard rock daquele que é o maior clássico do Free.
O blues rock dá as caras na ótima "Woman", uma das mais consistentes faixas gravadas pelo grupo em toda a sua carreira, trazendo performances individuais absolutamente brilhantes de Rodgers, Kossoff, Fraser e Kirke.
A climática e hipnótica "Free Me", calcada no baixo de Andy Fraser, tem um ótimo arranjo onde os destaques são os backing vocals e o solo de Paul Kossoff, que lentamente entrega notas simples, mas carregadas de feeling. "Broad Daylight" reúne o peso instrumental do grupo ao apelo soul da voz de Rodgers, e traz mais um ótimo solo de Kossoff. Outra curiosidade: "Broad Daylight" foi o primeiro single lançado pelo Free, em março de 1969, sendo sucedido por "I´m Mover / Worry", faixas do disco de estreia da banda, Tons of Sobs, de 1968.
Free encerra-se com a balada "Mourning Sad Morning", onde a interpretação única de Paul Rodgers ganha o acompanhamento de uma inusitada flauta doce tocada por Chris Wood (Traffic) que, ao lado dos inspirados backing vocals, fazem com que ela seja, ao mesmo tempo, uma das mais belas canções registradas pelo Free e uma das mais diferentes músicas que o grupo gravou.
O álbum ganhou uma excelente reedição remasterizada em 2001, que trouxe nada mais nada menos que dez faixas extras. Estão lá o primeiro compacto do grupo ("Broad Daylight / The Worm"); as versões do compacto "I'll Be Creepin' / Sugar for Mr Morrison", onde "I´ll Be Creepin´" soa mais crua que a mixagem fina; "Songs of Yesterday" e "Broad Daylight" gravadas ao vivo nos estúdio da BBC, em Londres; "Mouthful of Grass (Solo Version)", onde temos apenas o violão de Paul Kossoff, deixando claro todo o talento e sensibilidade do falecido guitarrista; versões alternativas de "Woman" e "Mourning Sad Morning", além de "Trouble on Double Time" em um de seus primeiros registros, bem diferente da versão final que conhecemos, mostrando o quanto o grupo evoluiu seu arranjo até chegar naquele que julgou ideal.
Historicamente, foi neste segundo trabalho que a parceria entre Paul Rodgers e Andy Fraser se consolidou. Os dois dominam a composição das faixas, preparando o terreno para o que iriam fazer em Fire and Water e nos trabalhos seguintes da banda.
Free é um ótimo disco daquilo que se convencionou chamar de blues rock, devidamente acrescido do peso do hard rock e de um muito bem-vindo tempero funk.
Clássico e obrigatório.
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O incrível segundo disco do Free
Ricardo Seelig
16:45
Fire and Water, lançado no final de junho de 1970, é o disco mais conhecido do Free. Maior sucesso comercial da banda, traz alguns dos grandes clássicos dos ingleses, como a antológica "All Right Now", o hard cheio de classe de faixa-título e o pesadíssimo blues “Mr. Big". Todo esse reconhecimento acaba, mesmo involuntariamente, ofuscando os outros trabalhos do grupo, fazendo com que os holofotes estejam focados em um único lugar. Por isso, escrever sobre um álbum como Free, segundo registro do quarteto inglês, é uma obrigação repleta de prazer.
O álbum ganhou uma excelente reedição remasterizada em 2001, que trouxe nada mais nada menos que dez faixas extras. Estão lá o primeiro compacto do grupo ("Broad Daylight / The Worm"); as versões do compacto "I'll Be Creepin' / Sugar for Mr Morrison", onde "I´ll Be Creepin´" soa mais crua que a mixagem fina; "Songs of Yesterday" e "Broad Daylight" gravadas ao vivo nos estúdio da BBC, em Londres; "Mouthful of Grass (Solo Version)", onde temos apenas o violão de Paul Kossoff, deixando claro todo o talento e sensibilidade do falecido guitarrista; versões alternativas de "Woman" e "Mourning Sad Morning", além de "Trouble on Double Time" em um de seus primeiros registros, bem diferente da versão final que conhecemos, mostrando o quanto o grupo evoluiu seu arranjo até chegar naquele que julgou ideal.
The Mighty Mocambos
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3 discos pra ouvir hoje: a batida de Czarface, o feeling de Hanni El Khatib e o embalo dos The Mighty Mocambos
Ricardo Seelig
10:39
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Séries de TV
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O que as mulheres pensam sobre a publicidade, transformando fotos antigas em artes surrealistas e o brasileiro pagando mais caro pela pirataria do que pela Netflix
Ricardo Seelig
09:18
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quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Playlists
Como acontece todos os anos, sem exceção, tem muita coisa boa rolando na música neste 2015 que já está entrando em sua reta final. E, com o advento dos apps de streaming de música, nunca foi tão fácil acompanhar e ouvir o que acabou de sair, em qualquer lugar do mundo.
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Pra ficar por dentro: Playlist Ouvindo 2015
Ricardo Seelig
15:26
Como acontece todos os anos, sem exceção, tem muita coisa boa rolando na música neste 2015 que já está entrando em sua reta final. E, com o advento dos apps de streaming de música, nunca foi tão fácil acompanhar e ouvir o que acabou de sair, em qualquer lugar do mundo.
Esse é o objetivo dessa playlist: mostrar as coisas boas que já pintaram neste ano, nos mais variados gêneros. Tem afrobeat, funk, jazz, soul, blues, pop, e até uns rocks. De Kendrick Lamar a Kamasi Washington, de Tama Impala a Alabama Shakes, passando por um monte de gente no caminho, tá aí um pequeno resumo do que de melhor a música já nos entregou em 2015.
Só dar play e se divertir!
Tame Impala
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3 discos pra ouvir hoje: o groove de Leon Bridges, o blues de Pops Staples e o experimentalismo do Tame Impala
Ricardo Seelig
10:34
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Viagem
Mãe registra amizade entre bebê e bulldog que nasceram no mesmo dia
Sou um mau exemplo só porque fico por aí com os peitos de fora?
6 grandes nomes que fracassaram antes de atingir o sucesso
Como deixar a barba crescer: o passo-a-passo emocional
As tabacarias clandestinas de Cuba
Um dia em um centro de reabilitação chinês para viciados em internet
A luta entre Marvel e Fox, onde a maior vítima é o Quarteto Fantástico
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O mundo visto de cima, um centro de reabilitação para viciados em internet e a amizade entre um bebê e um bulldog
Ricardo Seelig
09:07
Sou um mau exemplo só porque fico por aí com os peitos de fora?
6 grandes nomes que fracassaram antes de atingir o sucesso
Como deixar a barba crescer: o passo-a-passo emocional
As tabacarias clandestinas de Cuba
Um dia em um centro de reabilitação chinês para viciados em internet
A luta entre Marvel e Fox, onde a maior vítima é o Quarteto Fantástico
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terça-feira, 11 de agosto de 2015
Slayer
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Nas bancas: novas edições da Record Collector, Metal Hammer, Alternative Press, Rolling Stone, Drum! Magazine e Kerrang
Ricardo Seelig
18:08
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Um Disco por Dia
Primogênito de John e Edwina Winter, John Dawson Winter III é um dos mais importantes e influentes músicos de blues do século XX. Sua guitarra fez história, elevando-o à condição de lenda, status esculpido a ferro e fogo pelas highways de sua vida.
Albino como o seu irmão menos famoso, Edgar, Johnny começou a tocar muito cedo, e, aos 15 anos, já havia gravado seu primeiro álbum, School Boy Blues, creditado ao grupo Johnny and the Jammers, hoje disputado mais por ser um raro souvenir do que propriamente por sua qualidade artística. Ainda durante a adolescência, Winter teve a oportunidade de assistir ao vivo ícones como Muddy Waters e B.B. King, fundamentais na sua formação.
Em 1968, Johnny Winter formou um trio com o baixista Tommy Shannon e o baterista Uncle Joe Turner. Os shows chamaram a atenção e deram uma certa reputação à banda, levando o jornalista Larry Sepulvado a escrever sobre o grupo para a então nascente Rolling Stone. A matéria de Sepulvado gerou interesse em Winter, tornando as apresentaçãos ainda mais concorridas.
Em abril de 1969 chegou às lojas The Progressive Blues Experiment, lançado pela Imperial Records, trazendo uma sonoridade crua e rude, que ajudou a definir o tipo de música que seria associada, mais tarde, à vertente do gênero proveniente do Texas. Trazendo apenas quatro faixas próprias ("Tribute to Muddy", "Bad Luck and Trouble", "Mean Town Blues" e "Black Cat Bone"), o álbum contém competentes releituras para clássicos de autoria de Muddy Waters ("Rollin´ and Tumblin´"), Sonny Boy Williamson ("Help Me"), Slim Harpo ("I Got Love If You Want It"), B.B. King ("It´s My Own Fault") e Howlin´ Wolf ("Forty-Four"), deixando claras as influências que acompanhariam Winter por toda a sua carreira.
Clássico incontestável, o álbum mostrou ao mundo o estilo único de Johnny Winter, seja no slide de "Rollin´ and Tumblin´", no tempero country de "Bad Luck and Trouble", nos solos inspirados de "Tribute to Muddy" e na aproximação com o hard rock de "Mean Town Blues", seguindo a mesma linha que o Led Zeppelin exploraria com brilhantismo ímpar durante a década de 1970.
Se você gosta de blues ou de rock, esse é um disco imperdível.
Todos os dias, um review analisando um título da minha coleção. Leia no volume máximo, com a air guitar plugada.
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Um disco por dia: Johnny Winter - The Progressive Blues Experiment (1969)
Ricardo Seelig
16:39
Primogênito de John e Edwina Winter, John Dawson Winter III é um dos mais importantes e influentes músicos de blues do século XX. Sua guitarra fez história, elevando-o à condição de lenda, status esculpido a ferro e fogo pelas highways de sua vida.
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Nevilton
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3 discos pra ouvir hoje: General Bonimores, Maglore e Nevilton
Ricardo Seelig
11:17
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Serial Killers
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O preço dos livros ao redor do mundo, trocando cartas com serial killers e explorando o rancho de Michael Jackson
Ricardo Seelig
09:06
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Serial Killers
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
Um Disco por Dia
Eu poderia começar este texto afirmando que o quarto disco da banda norte-americana Buffalo Killers, Dig. Sow. Love. Grow., é uma grata surpresa. Mas o fato é que o trio formado por Andrew Gabbard (vocal, guitarra e piano), Zachary Gabbard (vocal e baixo) e Joseph Sebaali (bateria) já é conhecido por aqueles ouvintes que não se contentam apenas com o que lhes é vendido e gostam de pesquisar e ir atrás das boas novidades musicais. Ou melhor, deveria ser.
Dig. Sow. Love. Grow. tem cara de pérola perdida. Sabe aquelas matérias especiais que mergulham fundo nos porões mais empoeirados das décadas de 1960 e 1970 e saem com indicações certeiras de discos e bandas sensacionais e que pouquíssima gente ouviu falar? Aqui acontece a mesma coisa, mas com uma diferença: o Buffalo Killers é uma banda atual e está em pleno amadurecimento, construindo uma sonoridade cada vez mais rica e cativante.
Formada em Cincinnati, Ohio, em 2006, o trio já tem uma discografia de respeito. O primeiro play, batizado apenas com o nome do grupo, saiu em 2006 e chamou a atenção de Chris Robinson, que colocou os caras para abrir a turnê de 2007 do Black Crowes. O segundo, Let It Ride (2008), foi produzido por Dan Auerbach, vocalista e guitarrista do Black Keys. E o terceiro, intitulado apenas 3, saiu em agosto de 2011, mantendo o alto nível. Fechando a discografia, Heavy Reverie chegou às lojas em maio de 2014.
Há uma notável influência de Black Crowes em Dig. Sow. Love. Grow., mas também de diversos outros nomes do rock setentista. É possível ouvir ecos de Faces, James Gang e até alguma coisa dos Eagles em algumas passagens. Mas não espere encontrar um remake destas bandas, com uma sonoridade propositadamente saudosista, que apenas emula o que de melhor foi produzido durante a década de 1970. Não, o papo aqui é outro. O Buffalo Killers mostra talento e personalidade, entrando sem medo em uma máquina do tempo sonora e saindo de lá com composições fortes e criativas, repletas de timbres gordos e andamentos espertos, que conquistam quem quer, no final das contas, ouvir apenas aquilo que realmente importa: um bom disco de rock. E Dig. Sow. Love. Grow. é um senhor disco, que alterna faixas mais agitadas com outras que se aproximam do blues, do country e da psicodelia multi-colorida. Aliás, a aproximação com o country dá um aspecto bem rural e agreste para a maioria das faixas.
Sem um hype gigantesco, sem pressão por resultados, sem expectativas mirabolantes, Sebaali e os irmãos Gabbard gravaram um álbum repleto de ótimas canções, cheias feeling e autenticidade. Tudo soa orgânico e com alma.
Dig. Sow. Love. Grow. não vai revolucionar nada, não vai figurar nas paradas e muito menos mudar o mundo. Porém, proporciona algo tão importante quanto: é daqueles trabalhos que vão nos conquistando aos poucos, com canções de qualidade e uma verdade que transborda pelos sulcos. Enfim, apenas um bom disco de rock. Simples assim.
Todos os dias, um review analisando um título da minha coleção. Leia no volume máximo, com a air guitar plugada.
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Um disco por dia: Buffalo Killers - Dig. Sow. Love. Grow. (2012)
Ricardo Seelig
18:41
Eu poderia começar este texto afirmando que o quarto disco da banda norte-americana Buffalo Killers, Dig. Sow. Love. Grow., é uma grata surpresa. Mas o fato é que o trio formado por Andrew Gabbard (vocal, guitarra e piano), Zachary Gabbard (vocal e baixo) e Joseph Sebaali (bateria) já é conhecido por aqueles ouvintes que não se contentam apenas com o que lhes é vendido e gostam de pesquisar e ir atrás das boas novidades musicais. Ou melhor, deveria ser.
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Música
A cena rock de Brasília da década de 1980 não era formada apenas por nomes como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude. Uma das bandas mais cultuadas dessa época, mas que acabou não alcançando o sucesso nacional do trio citado acima, foi o Detrito Federal. Seu primeiro álbum, Vítimas do Milagre, lançado em 1987, é um clássico incontestável do punk rock brasileiro.
O grupo nasceu em 1983, de uma dissidência do também punk Derrame Cerebral, de onde saíram o vocalista Alexandre "Podrão" Veiga e o guitarrista João Bosco. A dupla uniu forças com a baixista Mila Menezes (que mais tarde integraria o Volkana) e o baterista Paulo César "Cascão".
O primeiro registro do grupo foi na compilação Rumores, lançada pelo selo Sebo do Disco em 1985. O Detrito Federal participou com as faixas "Fim de Semana" e "Desempregado". Os outros grupos presentes foram o Finis Africae, a Elite Sofisticada e a Escola de Escândalos. Esse LP é bastante raro de se encontrar hoje em dia, já que foram prensadas apenas 1.000 cópias do mesmo.
Apesar da boa repercussão, no final de 1985 Mila e Bosco deixam a banda. Seus postos são preenchidos pelo guitarrista Will Pontes e pelo baixista Paulinho. Ainda como reflexo da ótima impressão causada pela coletânea Rumores, em janeiro de 1986 o Detrito Federal participa do Mixto Quente, da Rede Globo, programa esse que era transmitido diretamente das praias do Rio de Janeiro para todo o país. A participação solidifica a reputação da banda e projeta seu nome para um número maior de ouvintes, ao mesmo tempo em que causa um racha no conjunto, com o vocalista Alexandre Podrão deixando a banda e acusando os membros restantes de "traidores do movimento", já que eles teriam "se vendido para o sistema". Podrão junta-se ao ex-guitarrista Bosco, e juntos montam o BSB-H.
Cascão decide assumir os vocais, e Luciano Dobal vira o titular da bateria. Nessa confusão toda, outro que pula fora do barco é o baixista Paulinho, sendo substituído por Milton Medeiros. Sob a liderança de Cascão, o Detrito Federal faz algumas mudanças em seu som e torna-se menos radical, deixando de lado o visual punk e aproximando-se da sonoridade dos grupos de Brasília que estavam estourando no Brasil naquela época, como Legião, Plebe e Capital.
O line-up é novamente alterado, com a entrada de Simone Death (ou Si Young, aquela mesmo que, anos mais tarde, ficaria famosa em todo o Brasil como Syang no programa Casa dos Artistas, do SBT) e Mauro Manzolli nas guitarras e Deborah Derwish na bateria. Finalmente estabilizados, assinam com a Polygram e entram em estúdio para gravar o seu disco de estreia, produzido pelo baterista dos Titãs, Charles Gavin, e batizado como Vítimas do Milagre.
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Detrito Federal, um clássico do punk rock brasileiro
Ricardo Seelig
17:12
A cena rock de Brasília da década de 1980 não era formada apenas por nomes como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude. Uma das bandas mais cultuadas dessa época, mas que acabou não alcançando o sucesso nacional do trio citado acima, foi o Detrito Federal. Seu primeiro álbum, Vítimas do Milagre, lançado em 1987, é um clássico incontestável do punk rock brasileiro.
Lançado em 1987 e contando com uma capa pra lá de provocativa, o play apresenta um som vigoroso e agressivo, com canções simples construídas sobre três acordes. O principal destaque são as letras, repletas de ironia e inteligência. O álbum abre com a grudenta "Se o Tempo Voltasse", cuja ótima letra possui a clássica frase "se o seu pai pudesse escolher, você acha que o filho seria você?". De arrepiar quem viveu naquela época e tinha o disco como uma das trilhas sonoras da sua adolescência.
O play segue com "Adolescência", poema de Paulo Leminski musicado pelo grupo. "O Vírus do Ipiranga" é uma pérola do rock brazuca, um petardo cuja letra faz uma crítica feroz e certeira ao Brasil, tendo como base a letra do hino nacional. Ouça e delicie-se! "Sun City" tem um bom riff de Syang e um andamento mais funkeado, enquanto "Bloco K" é o retrato fiel dos jovens brasilienses do período.
O lado B abre com "Último Grito", cadenciada e com influências da new wave. A faixa título une o punk com algumas características country, e, mais uma vez, a letra merece destaque. A agressiva e chiclete "Tá Com Nada" é um dos grandes destaques do disco, e ouvir sua letra imaginando que situações e personagens atuais poderiam substituir os citados é um retrato, infelizmente verdadeiro, da realidade do nosso país. O disco fecha com a pauleira de "Angra (A Dança das Ogivas)", que critica as usinas nucleares instaladas pelo governo militar na cidade de Angra dos Reis.
Vítimas do Milagre alcançou boas vendas - cerca de 50 mil cópias -, e levou a banda a tocar em programas de repercussão nacional, como Perdidos na Noite e Clube do Bolinha. Infelizmente, até onde eu sei o álbum não foi relançado em CD, estando disponível apenas através do vinil original de 1987.
Apesar da boa receptividade do disco, a Polygram dispensou o grupo, o que gerou uma nova debandada geral. Simone Death virou Syang e formou o P.U.S., Milton Medeiros foi para o Rio de Janeiro estudar produção musical na escola de Antônio Adolfo e Deborah foi morar nos Estados Unidos. Mesmo assim, o Detrito Federal manteve-se ativo com inúmeras formações ao longo dos anos, e chegou a lançar mais dois discos (o EP Guerra, Guerrilha, Revolução em 2002 e o CD 1983, em 2005), ambos com momentos interessantes, mas inferiores à sua estreia.
Nunca ouviu o Detrito Federal? Então aproveite esse texto e vá atrás de Vítimas do Milagre, um dos maiores clássicos da história do punk rock brasileiro. Você não vai se arrepender.
Reviews
Após a boa recepção ao seu álbum de estreia, O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui (2013), Emicida retorna inspirado em seu segundo disco, Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa. O rapper soa mais maduro e com uma musicalidade ainda mais ampla, explorando uma gama maior de influências e inserindo em seu caldeirão sonoro novos ingredientes. As letras mantém a onipresente crítica social, na maior parte das vezes de uma maneira agressiva e bastante direta. Em uma comparação rápida com a obra do chapa Criolo, o outro principal nome do atual hip-hop brasileiro, o discurso de Emicida soa mais raivoso e menos irônico e ácido do que o do autor de Convoque Seu Buda, em um contraste que soa complementar ao mostrar as possibilidades de caminhos distintos para transmitir uma mensagem semelhante.
Emicida surpreende ao iniciar Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa não com um possível single, mas com uma canção calma e contemplativa, onde olha para o passado e homenageia Dona Jacira, sua mãe. Intitulada “Mãe”, a faixa é de uma beleza tocante, principalmente o trecho final, onde a própria mãe do artista recorda as memórias e sentimentos de quando menino nasceu. Uma das mais belas composições de Emicida, é um início de arrepiar para um disco que só cresce em seu decorrer.
Não conseguindo errar, Emicida mantém a qualidade no alto em um desfile consistente de faixas. “8" derrama groove e embala uma letra inspirada, enquanto “Casa" utiliza vozes infantis em um refrão que arrepia até a alma. Os pequenos interlúdios, como as belas “Amoras" e “Sodade”, funcionam como paradas estratégias que apresentam novos capítulos do álbum.
Bebendo na fonte eterna de Jorge Ben, “Mufete" é uma das melhores do disco, com um embalo que é puro samba rock. “Baiana" vem a seguir e traz uma desnecessária participação de Caetano Veloso, que pouco aparece na canção. Vanessa da Mata bate ponto na meiga “Passarinhos”, talvez a canção menos inspirada do trabalho, ao lado de “Baiana”.
A parte final do play conta com uma desfile de composições de fortíssimo questionamento social, retratando a ebulição que vivemos no Brasil, cada vez mais dividido, cada vez mais perdido em discussões políticas que apenas disfarçam a troca do seis por meia dúzia. A pesada “Boa Esperança” é puro brilhantismo, seguida pelo indignado discurso do escritor pernambucano Marcelino Freire em “Trabalhadores do Brasil”, que retrata o cotidiano dos negros a partir de diversas perspectivas. Uma introdução perfeita para a longa “Mandume”, a principal faixa do Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa, onde Emicida divide os vocais com Drika Barbosa, Amiri, Rico Dasalam, Muzzike e Raphão Alaafin em mais de oito minutos que funcionam como um manifesto inteligente e repleto de autenticidade que retrata o preconceito racial de uma maneira ao mesmo tempo inspirada e triste, tornando impossível não questionar, afinal, porque um país como o Brasil, que tem a miscigenação incrustada de maneira profunda em sua história, não consegue olhar para o próprio umbigo e entregar oportunidades iguais para todos os seus filhos.
O samba rock retorna à ordem do dia em “Salve Black”, que encerra o disco com alto astral e transbordando a esperança e o sonho de viver em um país melhor, cada vez mais.
Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa é um disco mais maduro e consistente que O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui, que já era muito bom. Em seu novo álbum, Emicida solidifica a sua posição no atual cenário brasileiro, funcionando como catalisador dos anseios, sonhos e questionamentos de uma enorme parcela da população brasileira. A crescente popularidade do músico só torna ainda mais forte os porquês levantados pelo rapper, levando as suas perguntas a um número ainda maior de pessoas - ainda bem, por sinal.
Um disco necessário, e que retrata com grande destreza o momento que vivemos.
Até agora, o grande álbum brasileiro de 2015.
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Emicida - Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa (2015)
Ricardo Seelig
11:52
Após a boa recepção ao seu álbum de estreia, O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui (2013), Emicida retorna inspirado em seu segundo disco, Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa. O rapper soa mais maduro e com uma musicalidade ainda mais ampla, explorando uma gama maior de influências e inserindo em seu caldeirão sonoro novos ingredientes. As letras mantém a onipresente crítica social, na maior parte das vezes de uma maneira agressiva e bastante direta. Em uma comparação rápida com a obra do chapa Criolo, o outro principal nome do atual hip-hop brasileiro, o discurso de Emicida soa mais raivoso e menos irônico e ácido do que o do autor de Convoque Seu Buda, em um contraste que soa complementar ao mostrar as possibilidades de caminhos distintos para transmitir uma mensagem semelhante.
Vespas Mandarinas
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3 discos pra ouvir hoje: Huaska, Vespas Mandarinas e Banda Gentileza
Ricardo Seelig
10:44
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Oasis
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Os plágios de Noel Gallagher, um papai DJ e como é trabalhar na Lego
Ricardo Seelig
09:11
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