Nascimento: 23 de setembro de 1949, Nova Jérsei, EUA
Gênero: rock
Características principais: um dos maiores compositores norte-americanos, Bruce Springsteen faz de suas canções veículos que refletem os anseios, medos, desejos e aspirações do seu povo. Transitando primordialmente pelo rock, The Boss traz frequentemente letras que exploram temas políticos e do cotidiano, característica que faz com que suas músicas causem identificação profunda com o público. Outro ponto forte de sua carreira são as apresentações ao vivo, que costumam ser longas e com interpretações repletas de feeling
Fase áurea: 1973 a 1987 e 2002 até o momento
O clássico:Born to Tun (1975)
Discos imperdíveis:The Wild, The Innocent & The E Street Shuffle (1973), Darkness on the Edge of Town (1978), The River (1980), Nebraska (1982), Born in the U.S.A. (1984) e We Shall Overcome: The Seeger Sessions (2006)
Ouça também:Greetings From Asbury Park, N.J. (1973), Tunnel of Love (1987), The Ghost of Tom Joad (1995), The Rising (2002), Devils & Dust (2005), Magic (2007), Working on a Dream (2009), Wrecking Ball (2012) e High Hopes (2014)
Álbuns ao vivo recomendados:Live / 1975-1985 (1986), Live in New York City (2001), Hammersmith Odeon, London ’75 (2006) e Live in Dublin (2007)
Compilações recomendadas:Greatest Hits (1995), Tracks (1998), The Essential Bruce Springsteen (2003), The Collection 1973-1984 (2010), The Promise (2010) e Collection: 1973-2012 (2013)
Formação clássica: Freddie Mercury (vocal e piano), Brian May (guitarra), John Deacon (baixo) e Roger Taylor (bateria)
Músicos importantes que passaram pela banda: Paul Rodgers (vocal) e Adam Lambert (vocal)
Gênero: rock
Características principais: com uma musicalidade riquíssima, o Queen transitou pelo hard, glam, pop e art rock durante a sua carreira. As principais características da banda eram as belíssimas linhas e arranjos vocais, além de composições repletas de crescendos emocionais e refrãos inesquecíveis
Fase áurea: 1974 a 1980
O clássico:A Night at the Opera (1975)
Discos imperdíveis:Queen II (1974), Sheer Heart Attack (1974), A Day at the Races (1976) e News of the World (1977)
Ouça também:Jazz (1978), The Game (1980), The Works (1984), A Kind of Magic (1986) e Innuendo (1991)
Álbuns ao vivo recomendados: Live Killers (1979), Live Magic (1986), Live at Wembley ’86 (1992), Queen on Fire: Live at the Bowl (2004), Queen Rock Montreal (2007), Hungarian Rhapsody: Live in Budapest (2012) e Live at the Rainbow ’74 (2014)
Compilações recomendadas:Greatest Hits (1981), Greatest Hits II (1991), Classic Queen (1992), Greatest Hits III (1999), Jewels (2004), Queen Singles Collection 1 (2008), Queen Singles Collection Volume 2 (2009), The Singles Collection Volume 3 (2010) e Queen Forever (2014)
Onde está o rock brasileiro? Por onde ele anda? Quem o está produzindo hoje em dia? Quais são as boas bandas que temos no país fazendo rock de qualidade, agora, neste momento? Essa é uma pergunta que pode ter várias respostas. Você pode responder que não há uma cena rockeira atual convincente, mas estará errado. Você pode dizer que o rockBR continua sendo feito pelos mesmos nomes de sempre, aqueles que vieram ao mundo durante as décadas de 1980 e 1990, e não estará errado. As variáveis são muitas, e todas elas passam por uma questão bastante clara: o rock brasileiro atual não chega até os ouvidos de seus consumidores.
Você está louco, dirão os mais apressados. Não, não estou. Se pegarmos a cena rockeira da década de oitenta, por exemplo, observaremos exatamente o oposto do que ocorre agora: a produção das bandas chegava até os ouvintes, as músicas invadiam nossas casas e nossas vidas. O rock tocava no rádio. Na TV. Em todo lugar. Hoje, esse processo não se dá com o rock, mas com outros estilos, como o sertanejo universitário, onipresente em todo o Brasil.
É claro que o rock nunca deixou de ser produzido neste nosso controverso país tropical (e nem será), mas é justo perguntar por onde ele anda, já que, com o seu afastamento do mainstream e das grandes massas, ficou mais difícil para as novas bandas chegarem até um novo público.
Qual foi a última grande banda de rock surgida no Brasil? NX Zero? Não. Cachorro Grande? Ótimos, mas nunca foram um fenômeno de popularidade. Los Hermanos? Foram um fenômeno de público, com seguidores fanáticos, mas não eram necessariamente uma banda de rock. Raimundos? Sim, provavelmente. E quando foi isso? No início da década de 1990. Estamos em 2013. Um longo tempo, não? Por mais que excelentes nomes como Matanza, Vespas Mandarinas e Selvagens à Procura de Lei tenham surgido nos últimos anos, nenhuma destas bandas provocou uma revolução sonora, inverteu as coisas ou conquistou o coração de multidões de fãs.
Hoje, há uma inversão na realidade quando a comparamos aos anos 1980 e 1990. O rock não é mais a música da juventude brasileira. Não, não é mesmo. Não analise isso pensando apenas na realidade das grandes cidades como São Paulo. Olhe de maneira mais abrangente. Olhe o Brasil como um todo. O que os jovens escutam hoje em dia? Outros sons, não o rock. O sertanejo universitário é o atual pop brasileiro. Gusttavo Lima, Luan Santana, Jorge & Mateus, Fernando & Sorocaba e outros ocuparam o lugar que um dia foi de Renato Russo e Cazuza. São esses artistas que possuem identificação com a geração atual, identificação essa que pertencia às bandas de rock há alguns anos atrás.
O riff foi trocado pela onomatopeia. Antigamente, um jovem de 14, 15 anos, compunha riffs imaginários em sua mente, influenciado pelas bandas que ouvia. Hoje, um adolescente de 15 anos imagina onomatopeias, influenciado por nomes como Michel Teló e Gusttavo Lima. Tche-tche-tche-tche-rê-rê-rê-rê ... Houve uma grande queda, não há mais conteúdo (tanto lírico quanto instrumental) na música que é consumida hoje, em grande escala, Brasil afora. É tudo com uma qualidade rasteira, com arranjos simples e melodias derivativas, onde, em alguns casos, até a letra que está sendo cantada se transformou em um acessório de luxo.
Para um país como o nosso, com a tradição musical como o Brasil, reconhecido em todo o mundo como o berço de uma das músicas mais ricas e respeitadas do planeta, berço de gênios como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, João Gilberto, Gilberto Gil, Jorge Ben e muitos outros, trata-se de uma volta à Idade da Pedra. Regredimos, estamos rastejando, atolados em um cenário que não cheira nada bem.
Em relação ao rock, como já dito antes, ele deixou de ser a trilha da maioria da juventude brasileira, substituído por outros gêneros com maior apelo junto a esse público. Naturalmente, por esse motivo, as vias que a nova produção rockeira, que as novas bandas, tinham para chegar até os ouvintes, diminuíram. De nada adiantam “rádios rock” que tocam as mesmas velhas canções de sempre, revezando-se entre “Smoke on the Water” e “Exagerado”, “Stairway to Heaven” e “Faroeste Caboclo”. De nada servem casas de shows que preferem contratar bandas cover a artistas autorais. Ao andar por qualquer grande ou média cidade brasileira, um desavisado pensará que está em Los Angeles ou Londres devido aos imensos cartazes que anunciam shows de nomes como U2, Guns N´ Roses, Iron Maiden e Rolling Stones – todos eles, claro, com um minúsculo adendo “cover” ao lado.
É claro que eu sei que o rock não morreu em nosso país, e jamais irá morrer. Há ótimas bandas em todos os cantos. Carro Bomba, Tomada, Baranga, Cachorro Grande, O Terno ... A lista é grande. Porém, as músicas dessas bandas precisam chegar não apenas até os meus ouvidos, mas aos ouvidos de uma parcela muito – muito, mas muito mesmo – maior de pessoas. A utopia é que uma composição do Tomada tenha a mesma popularidade do sucesso atual de Michel Teló – algo que, na realidade atual, é impossível de acontecer.
Mais espaço nas rádios, mais espaço nos palcos, mais espaço na imprensa, mais espaço em todos os lugares: é isso que o rock brasileiro de qualidade, bom de verdade, precisa. Se isso não acontecer, ele seguirá sendo, cada vez mais, um gênero relegado a um nicho específico, algo que está longe da tradição do estilo em nosso país.
4 de setembro. Uma sexta-feira. Esta é a data de lançamento do décimo-sexto álbum do Iron Maiden. Intitulado The Book of Souls, o disco sairá pela Parlophone, foi gravado em Paris durante o ano passado e tem produção de Kevin Shirley. Devido à doença de Bruce Dickinson, diagnosticado com um câncer já superado, a banda decidiu atrasar a chegada do trabalho às lojas.
A bela capa de The Book of Souls, que traz um Eddie no estilo Mad Max e com dreads, foi criada por Mark Wilkinson, ilustrador inglês que já assinou capas de artistas como Marillion e Judas Priest (incluindo Painkiller e Redeemer of Souls).
O primeiro álbum duplo de estúdio do Iron Maiden trará onze faixas, todas longas, com a menor tendo cinco minutos e mais longa chegando a 18 minutos de duração - “Empire of the Clouds”, música de encerramento do disco. Esta será a mais longa canção já registrada pelo Maiden, superando os 13 minutos e tanto da clássica “The Rime of the Ancient Mariner”. Sete das onze faixas trazem a assinatura do baixista Steve Harris, principal compositor do sexteto, sendo seis delas em parceria com o trio de guitarristas Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers, e uma assinada somente por ele. Pela primeira vez desde Powerslave, o novo álbum trará duas canções compostas somente por Bruce Dickinson - no álbum de 1984, elas eram as ótimas “Powerslave" e “Flash of the Blade”. Uma delas, por sinal, é a já citada “Empire of the Clouds”. Além disso, outras duas faixas retomam a parceria entre Bruce e Adrian, responsável por grandes sucessos do Maiden como “2 Minutes to Midnight”.
The Book of Souls será lançado em CD duplo hardbook, CD duplo standard e vinil triplo, além de versões masterizadas especialmente para o iTunes e para os serviços de streaming.
Steve Harris declarou o seguinte sobre o disco: “A abordagem do novo disco é diferente de tudo o que fizemos antes. Muitas das canções foram escritas quando já estávamos no estúdio, e foram ensaiadas e gravadas imediatamente, enquanto as ideias ainda estavam frescas. Isso deixou as faixas com um grande sentimento de imediatismo, quase ao vivo mesmo. Estou muito orgulhoso de The Book of Souls, e estamos muito ansiosos para que os fãs escutem o que fizemos”.
Bruce Dickinson também falou sobre o álbum: “Estamos realmente animados com The Book of Souls e tivemos um tempo fantástico para criá-lo. Começamos a trabalhar no disco no final do verão de 2014 (final do inverno para nós, aqui no hemisfério sul) no Guillame Tell Studios, em Paris, mesmo local onde gravamos Brave New World, um lugar que traz ótimas memórias para todos nós. Lá, descobrimos que a mesma vibração mágica presente naquele disco continuava no ar. Então imediatamente nos sentimos em casa, e as ideias começaram a fluir. Quando acabamos, concordamos por unanimidade que cada faixa era parte importante de todo o corpo do trabalho, e que por isso o melhor seria lançá-lo como um álbum duplo”.
Abaixo, o tracklist completo de The Book of Souls, com os autores indicados em cada faixa:
CD 1 1. If Eternity Should Fail (Dickinson) 8:28 2. Speed Of Light (Smith/ Dickinson) 5:01 3. The Great Unknown (Smith/ Harris) 6:37 4. The Red And The Black (Harris) 13:33 5. When The River Runs Deep (Smith/ Harris) 5:52 6. The Book Of Souls (Gers/ Harris) 10:27
CD 2 7. Death Or Glory (Smith/ Dickinson) 5:13 8. Shadows Of The Valley (Gers/ Harris) 7:32 9. Tears Of A Clown (Smith/ Harris) 4:59 10. The Man Of Sorrows (Murray/ Harris) 6:28 11. Empire Of The Clouds (Dickinson) 18:01
Uma das grandes bandas surgidas no cenário metálico nos anos 2000, o Baroness produz uma música única e repleta de personalidade. Caminhando sobre a trilha do heavy metal na companhia de elementos do rock progressivo, alternativo, indie, sludge e psicodélicos, o grupo liderado pelo vocalista e guitarrista John Baizley anda a passos largos para se tornar uma das grandes referências nos próximos anos.
Formado na cidade de Savannah, na Georgia, em 2003, o Baroness nasceu da banda punk Johnny Welfare and the Paychecks e contava em sua primeira encarnação com Baizley, Tim Loose (guitarra), Summer Welch (baixo) e Allen Blickle (bateria), line-up esse que sofreu alterações até se estabilizar por um longo período.
Porém, durante a turnê de seu terceiro e até agora último disco, Yellow & Green (2012), o quarteto sofreu um sério acidente de ônibus no interior da Inglaterra no dia 15 de agosto de 2012. Havia dúvidas se a banda conseguiria seguir em frente devido à gravidade do ocorrido, e a resposta veio no primeiro semestre de 2013 com o anúncio de que o baixista Matt Maggioni e o baterista Allen Blickle haviam deixado o grupo devido ao acontecido. Para seus lugares a banda anunciou Nick Jost (baixo) e Sebastian Thomson (bateria). Atualmente o Baroness está em estúdio gravando o seu quarto álbum, que deve ser lançado este ano.
Além de músico, John Baizley desenvolve também um prolífico trabalho como ilustrador. Seu estilo característico, além de estampar as capas dos álbuns do Baroness, está em discos de bandas como Kvelertak, Black Tusk, Kylesa, Torche, Pig Destroyer, Skeletonwitch e Darkest Hour, e mostra que, além do talento como músico, Baizley também é um mestre nas artes plásticas.
Duas curiosidades antes de entrarmos na discografia da banda: todos os álbuns lançados pelo grupo até hoje foram batizados com títulos alusivos a cores: as primárias vermelho, azul e amarelo e a secundária verde (no caso do duplo Yellow & Green). E todos os discos foram lançados em CD e LP pela mesma gravadora, a Relapse, detentora do passe do quarteto.
Red Album (2007)
A estreia do Baroness foi lançada em 4 de setembro de 2007 e impressionou pela alta qualidade apresentada. Produzido por Phillip Cope (vocalista e guitarrista do Kylesa), Red Album traz onze faixas de um metal que alterna momentos pesados com outros mais atmosféricos e progressivos, tudo isso embalado com doses maciças de melodia e pitadas de melancolia em arranjos muito bem construídos. Contando com John Baizley, Brian Blickle (guitarra), Summer Welch e Allen Blickle, a banda mostra-se inspirada em composições fortes e maduras onde o principal destaque são as faiscantes guitarras de Baizley e Brian, que trocam harmonias e notas com entusiasmo e criatividade. Destaque para “Rays of Pinion”, “The Birthing”, “Isak”, “Wanderlust” e “O’Appalachia”. O disco foi bem aceito pela crítica, com a Metal Hammer colocando Red Album como o quarto melhor álbum de 2007 em sua lista de final de ano. Ótima estreia.
Blue Record (2009)
Lançado em 13 de outubro de 2009, Blue Record trouxe duas novidades: a troca de Brian Blickle por Peter Adams e a assinatura de John Congleton (Swans, Okkervil River, The Roots) na produção. O som está mais encorpado e pesado que na estreia, e também menos atmosférico. Há longos trechos instrumentais onde as guitarras se complementam em melodias gêmeas quase celestiais - aliás, uma das marcas registradas do Baroness. “Swollen and Halo”, “Ogeechee Hymnal”, “War, Wisdom and Rhyme”, “The Gnashing” e a fenomenal “A Horse Called Golgotha” são destaques óbvios em um tracklist sólido como uma rocha vulcânica de milhões de anos. A aclamação da crítica foi intensa em relação a Blue Record. O disco recebeu nota máxima da influente revista norte-americana Decibel, que o elegeu álbum do ano em 2009. A não menos importante Metal Hammer colocou Blue Record na décima posição em sua lista de final de ano, enquanto o LA Weekly cravou o trabalho na vigésima posição em sua lista com os maiores discos de metal já gravados. Comercialmente a recepção também foi ótima, e Blue Record alcançou a primeira posição no Heatseekers da Billboard, chart destinado a novos artistas. O álbum recebeu uma edição especial ainda em 2009, com um disco bônus trazendo a performance no Roadburn Festival daquele ano. Se a estreia já havia sido ótima, Blue Record conseguiu ir além.
Yellow & Green (2012)
O terceiro registro do Baroness é um álbum duplo e foi lançado em 17 de julho de 2012. O mais completo trabalho da banda, Yellow & Green é, fácil, um dos melhores discos de heavy metal gravados nos últimos dez ou vinte anos. Desenvolvendo ainda mais a sua sonoridade particular, o grupo deu ao mundo 18 músicas que trazem um metal adornado por características stoner, prog e alternativas. Instrumentalmente brilhante e com um trabalho exemplar de composição, Yellow & Green explora as diferentes facetas que formam a personalidade do Baroness, indo de faixas pesadas e agressivas como “Take My Bones Away”, passando por maravilhas progressivas como “Eula” e experimentações criativas como “Cocainium”. Com a melodia marcando forte presença por todo o álbum, encontramos destaque em outras faixas como “March to the Sea”, “Little Things”, “Foolsong”, “Collapse”, “Back Where I Belong” e nas etéreas “Twinkler” e “Stretchmaker”, esta última instrumental. Yellow & Green é um disco mais introspectivo que os dois primeiros, cuja audição possui o cada vez mais raro poder de transportar o ouvinte para outro lugar. Muito disso se dá através da estrutura das canções, a grande maioria com arranjos que vão se desenvolvendo em crescendos até chegarem aos seus clímax sonoros. Produzido novamente por John Congleton, o álbum foi gravado pelo trio John Baizley (que também assumiu o baixo), Peter Adams e Allen Blickle. A crítica recebeu o disco de braços abertos, com o trabalho recebendo uma nota 9 na Spin e no PopMatters e marcando presença em diversas listas de melhores do ano de 2012 - na da Metal Hammer, alcançou a 14ª posição. Yellow & Green é uma obra-prima, um disco incrível e que segue soando excelente a cada nova audição.
Além dos três discos de estúdio, o Baroness lançou quatro EPs: First (2004), Second (2005), A Grey Sigh in a Flower Husk (2007, split com o Unpersons) e o ao vivo Live at Maida Vale (2013). Os dois primeiros foram unidos em um só disco na reedição disponibilizada em 2008 e apropriadamente intitulada First & Second (2008). A discografia completa da banda tem ainda os singles A Horse Called Golgotha (2010) e Take My Bones Away (2012).
O mercado de quadrinhos sofre de um problema que vai e vem de tempos em tempos: a formação de novos leitores, o encantamento de novos fãs e a consequente queda nas vendas. Com décadas de uma cronologia desenvolvida em tramas complicadas e complexas, uma revista de qualquer super-herói não atrai, de cara, os jovens leitores. Não é simples: não basta chegar e ler. É preciso mergulhar em um emaranhado de personagens, autores, desenhistas, mortes, ressurreições e tudo mais. E isso, para quem está começando a ler HQs na pré-adolescência, não é tarefa das mais fáceis.
Lembro que os quadrinhos me conquistaram aos 12, 13 anos. A grande responsável por isso foi a edição número 7 da finada revista Grandes Heróis Marvel, que trazia a saga da morte de Fênix ilustrada com uma imagem de Ciclope segurando Jean Grey nos braços. Aquela história escrita por Chris Claremont e desenhada por John Byrne abriu as portas do fantástico universo dos quadrinhos para mim, e foi o passo decisivo para eu entrar em um mundo repleto de fantasia e aventuras inesquecíveis. A partir de GHM#7, foi só alegria e uma ebulição de descobertas, que com o passar dos anos se mostraram essenciais na minha formação como leitor.
Além dos X-Men, que sempre foram os meus personagens favoritos na Marvel (nunca tive paciência para as infindáveis sagas dos Vingadores e do Capitão América, pra falar a verdade), na distinta concorrência fui atraído pela realidade sombria de Gotham e seu guardião, o Batman. Superman sempre me pareceu correto demais, assim como o Capitão América, enquanto o Batman traz consigo um perigo real e um sentimento doentio, quase um psicopata fantasiado, revelando-se muito mais atraente e convincente do que um homem voador vestindo cueca por cima da calça.
Tanto X-Men quanto Batman possuem uma cronologia gigantesca, que exige dos leitores um conhecimento imenso da história de cada personagem, algo que pouquíssimas pessoas possuem e estão dispostas a adquirir. Dentro dessa realidade de mercado, onde é preciso conquistar constantemente novos leitores, tanto a Marvel quanto a DC encontraram a solução em reboots periódicos, onde reiniciam seus universos esporadicamente, apresentando-os para uma nova geração de fãs. A excelente Ultimate Marvel era, até agora, o grande e principal exemplo dessa mentalidade, com toda uma série de revistas lançadas durante os anos 2000 em que os principais personagens da editora tiveram suas histórias recontadas para um público mais jovem, agregando elementos do mundo atual e tornando-os muito mais próximos do público a quem eram destinados.
A DC, que volta e meia publica as suas infindáveis “Crises" (Crise nas Infinitas Terras, Crise Infinita, Crise de Identidade e mais um sem número de equivalentes), em 2011 deu um reboot em seus personagens, batizando este novo momento como Os Novos 52. Neste processo, diversos escritores e ilustradores consagrados foram contratados para reimaginar a mitologia de personagens consagrados como Batman, Superman, Flash, Lanterna Verde, Arqueiro Verde e toda a turma. Não acompanhei as edições mensais, e só agora, quatro anos depois de a série começar a ser publicada nos Estados Unidos, dei mais esse passo pra dentro da DC.
Como já disse, Batman é um dos meus personagens preferidos, então foi através de Bruce Wayne e companhia que dei o meu primeiro mergulho no universo de Os Novos 52. A Panini, responsável pela publicação tanto da DC quanto da Marvel aqui no Brasil, colocou no mercado alguns encadernados compilando o primeiro arco de histórias de Os Novos 52, cobrindo personagens como Superman, Flash e Aquaman. Sobre o Batman, foram lançados dois: A Corte das Corujas e Corporação Batman. O primeiro foi escrito por Scott Snyder e ilustrado por Greg Capullo, e o segundo é uma criação de Grant Morrison e desenhada por nomes como Yanick Paquette, Scott Clark, Cameron Stewart e Chris Burnham.
Vamos falar do primeiro destes encadernados. A Corte das Corujas é um volume de luxo, com capa dura, papel couché brilho de alta qualidade e 176 páginas. A edição compila os números 1 a 7 da revista Batman, publicada nos EUA em 2012. A trama conta a história da Corte das Corujas, sociedade secreta formada pelas famílias mais poderosas de Gotham, que controla a cidade de maneira silenciosa há décadas. Até que um certo Batman surge pelo caminho. O enredo de Snyder é muito bem escrito e prende o leitor, sendo direto ao ponto e sem gorduras extras. Ela não dá voltas, não fica enrolando, e isso torna a leitura mais agradável e interessante. O processo se completa com a bela arte de Capullo (pra quem não sabe, o cara por trás das ilustrações das HQs do Spawn, de Todd McFarlane). A história apresenta a grande maioria dos personagens do universo de Batman em novas encarnações, mas não tão diferentes das clássicas interpretações que ficaram conhecias em todo o mundo (não há uma transformação radical como a que ocorreu na série Ultimate da Marvel, por exemplo). Bruce Wayne encarna um Batman que faz uso de diversos apetrechos tecnológicos, enquanto Dick Grayson, o Robin original, convive com outros dois Robins simultaneamente - Tim Drake e Damian Wayne, este último filho de Bruce. O Comissário James Gordon é um cara mais novo que a figura clássica, e coadjuvantes como Batgirl e a Mulher-Gato também batem ponto. Entre os vilões, que aparecem somente de maneira rápida no início da trama, vemos ilustrações mais realistas e menos fantasiosas das figuras de Pinguim, Duas-Caras, Senhor Frio, Crocodilo, Espantalho e outros. O Coringa também surge de relance. O fato é que, ao menos neste primeiro volume, o antagonismo se dá através da Corte das Corujas personificada em seu soldado, Garra, deixando os vilões clássicos em segundo plano.
A Corte das Corujas traz um trama muito bem desenvolvida e enxuta, que mesmo não chegando a sua conclusão ao final do encadernado, cumpre com perfeição o objetivo de renovar o universo do Batman. Fazia muito tempo que não lia algo tão bom explorando o Homem Morcego, e fiquei muito satisfeito e com um gostinho de quero mais ao final deste primeiro volume.
Com ele, já sei que, ao menos no que diz respeito ao Batman, Os Novos 52 valem muito a pena.