sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Iron Maiden - The Book of Souls (2015)

18:17

Cinco anos após The Final Frontier, o Iron Maiden está de volta com o seu décimo-sexto disco. The Book of Souls é o primeiro álbum duplo de estúdio da banda, e também o registro mais longo da carreira dos ingleses. O trabalho traz onze faixas e foi produzido por Kevin Shirley, o responsável pelos últimos lançamentos do grupo.

The Book of Souls é um álbum ousado e totalmente fora da curva do que se esperaria do Iron Maiden, principalmente a essa altura da carreira do sexteto, que está na estrada há quarenta anos -  a banda foi formada pelo baixista Steve Harris em 1975. Fora da curva porque traz uma sonoridade renovada e surpreendente, acentuando uma característica que estava cada vez mais evidente nos últimos discos: o mergulho no rock progressivo. Em The Book of Souls o Maiden se joga sem medo no prog, e é justamente esse fator que torna o trabalho tão impressionante.

Por mais estranha que essa afirmação possa parecer, a sensação é que estamos diante do primeiro trabalho “adulto" da banda. As melodias fáceis, as soluções simples, as canções mais diretas, praticamente não existem. Mas não se assuste, pois isso não significa que estamos diante de uma complexidade impenetrável, muito pelo contrário. A banda bebe com classe no progressivo e traz para a ordem do dia canções que se desenvolvem em arranjos repletos de camadas, mudanças de andamento constantes e um onipresente requinte instrumental. E aí entra aquela que provavelmente é a jogada de mestre de The Book of Souls: tudo isso foi gravado ao vivo no estúdio, praticamente sem overdubs. O resultado é uma espontaneidade absolutamente refrescante.

Os mais apressados poderão tomar um susto ao verificar a duração das faixas - as mais curtas ficam nos cinco minutos, enquanto três ultrapassam a barreira dos dez. Mas, quando algo é bom e bem feito, não soa maçante e desnecessário, e isso se verifica de maneira clara em The Book of Souls.

Os recentes projetos pessoais de Steve Harris e Adrian Smith - British Lion e Primal Rock Rebellion, respectivamente - fizeram bem à banda, oxigenando a sonoridade e renovando a musicalidade do grupo. Há uma divisão muito mais democrática na composição das faixas, com todos colaborando - a exceção de sempre é Nicko McBrain. E aqui um detalhe merece menção: The Book of Souls é o primeiro álbum da carreira do Maiden em que Steve não domina esse quesito - no novo disco, Bruce Dickinson é o maestro e está praticamente em pé de igualdade com Harris.

Salta aos ouvidos a inegável qualidade das novas canções. Das onze faixas, praticamente todas se destacam - a única exceção é justamente o primeiro single, a mediana “Speed of Light”. Da abertura classuda com “If Eternity Should Fail” ao brilhantismo de “The Red and the Black”, do ar épico da faixa-título ao clima meio hard de “Tears of the Clown” (música que homenageia o falecido ator Robin Williams e poderia muito bem estar em The Chemical Wedding, melhor álbum solo de Bruce), o que se vê é um desfile de ótimas composições como há muito tempo o Iron Maiden não entregava aos seus fãs.

O clímax está na canção que encerra o trabalho, “Empire of the Clouds”. Com mais de 18 minutos e composta somente por Dickinson, assemelha-se a uma sinfonia que se desenvolve em movimentos intercalados, culminando em uma longa passagem instrumental que tem o trio de guitarras como protagonista. De cair o queixo, literalmente!

Todos os músicos mantém o alto grau de performance característico, mas três se destacam. Bruce canta com enorme feeling, e a notícia de que o vocalista foi diagnosticado com câncer na língua após a gravação só torna ainda mais impressionante o seu trabalho. Steve Harris é o coração do Iron Maiden, e segue fazendo-o pulsar com o talento de sempre. E, por fim, Adrian Smith brilha de maneira absoluta comandando o trio de guitarras, reafirmando o seu papel como um dos maiores instrumentistas da história do heavy metal.

The Book of Souls é um disco impressionante. Um álbum totalmente fora das expectativas daquilo que o Iron Maiden lançaria a esta altura da sua carreira. O disco supera toda e qualquer prognóstico a seu respeito, e deixa a certeza do quão único é o sexteto liderado por Bruce e Steve. Sem dúvida, o melhor álbum do grupo desde o retorno de Dickinson e Smith.

O Iron Maiden vive um novo apogeu, e The Book of Souls é a prova definitiva disso.

Netflix muda o jogo, o grande disco pop de 2015 e o DJ que é surdo

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Um disco por dia: Lefties Soul Connection - Hutspot (2006)

21:15

Parece improvável, e realmente é. Explico: você coloca Hutspot, disco de estreia dos holandeses do Lefties Soul Connection para rolar, e o que sai dos alto-falantes é um delicioso e contagiante funk/soul setentista, influenciado por nomes do porte de The Meters e Booker T. & The MGs.

Improvável por duas razões: primeiro por a banda ser, como eu já disse, natural da Holanda, e executar com competência ímpar um gênero musical nascido das dores, frustrações e sonhos da população negra norte-americana. E segundo porque, ao contrário do que tudo indica, o primeiro disco dos caras não foi lançado na primeira metade da década de 1970 e ficou escondido anos a fio em sebos e no submundo dos colecionadores - pelo contrário, o CD é de 2006!

Vamos lá então: o Lefties Soul Connection foi formado em Amsterdam, capital holandesa, em agosto de 2001 pelo guitarrista Onno Smit e pelo organista Alviz (assim mesmo, sem sobrenome algum). No final daquele ano o batera Cody Vogel juntou-se à dupla, e o line-up foi completado em meados de 2002, quando o baixista Bram Brosman completou o quarteto (esse último deixou o combo em 2008, sendo substituído por Pieter Bakker).

A banda ganhou destaque na mídia dos Países Baixos através da ótima repercussão alcançada pela versão que fizeram de "Organ Donor", do DJ Shadow. O single chamou a atenção da Excelsior, que assinou com os caras, colocando o primeiro play do grupo na praça.

O som, como eu já disse, é um funkão de remexer o esqueleto, repleto de groove e com elementos de soul music, principalmente devido à onipresente e muito bem-vinda influência de Booker T. O disco é totalmente instrumental, com exceção de uma faixa, "It´s Your Thing / Hey Pocky A-Way", que conta com vocais - não por acaso, a "menos boa" do CD. As outras composições levam o ouvinte em um embalo constante, sempre com o órgão Hammond de Alviz à frente.

Momentos empolgantes são garantidos através de pérolas como "Doin´ the Thing", que abre o play com um quebradeira danada; "V2", que nos transporta sem cerimônia para meados dos anos 1960; a já citada versão de "Organ Donor", onde o grupo desconstrói a composição do DJ Shadow, com destaque para a guitarra de Onno Smit; o groove cheio de malícia de "Generator Oil"; e a energia bruta da faixa-título. A bem da verdade, todas as composições apresentam um nível bastante elevado, e essas citadas são apenas as minhas favoritas.

Depois de Hutspot o Lefties Soul Connection lançou mais dois discos - Skimming the Skum em 2007 e One Punch Pete em 2011 -, e desde então está na estrada, fazendo frequentes turnês pela Europa.

Se você gosta de The Meters, Booker T & The MGs, Kashmere Stage Band e toda aquela cena funk/soul norte-americana do final dos anos 1960 e início dos 1970, vai pirar com esse primeiro disco do Lefties Soul Connection. Uma grata surpresa, que irá descer redondo pelos ouvidos, cabeças e pés de todo e qualquer amante da boa música.

Enfim, extremamente recomendável!

Todos os dias, um review de um título da minha coleção. Pra tirar os móveis da sala e ouvir remexendo o esqueleto.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Opinião: o mundo não precisa de um retorno do Guns N’ Roses

19:09

Parece uma daquelas manchetes de revistas de fofocas, e em muitos aspectos é isso mesmo. Vamos lá: nas últimas semanas, dezenas, centenas, milhares de sites/veículos em todo o mundo noticiaram que Slash fez as pazes com Axl Rose. O que, logicamente, deu origem a um sem número de rumores sobre o possível retorno da formação clássica da banda.

O Guns N’ Roses merece um estudo, e bem profundo. A rigor, a banda gravou apenas três discos, sendo que o último registro relevante do grupo saiu há praticamente 25 anos - em 1991, um quarto de século atrás. É inegável a importância que o quinteto teve durante a década de 1980 e início dos anos 1990, isso é inquestionável. Appetite for Destruction, lançado em 21 de julho de 1987, é uma das maiores e melhores estreias da história do rock. Unindo Led Zeppelin e Aerosmith em um mesmo caldeirão, Axl e sua turma gravaram o disco definitivo do glam rock oitentista e um dos grandes álbuns da história do hard rock. E, de lambuja, redefiniram estereótipos, reescrevendo a trama e a atuação de personagens emblemáticos como o vocalista superstar e o guitar hero enigmático.

Então, um EP com outtakes e versões ao vivo para acalmar o mercado, enquanto os integrantes bebiam, cheiravam e transavam com todas as menininhas da cidade. G N’ R Lies (1988) acabou ganhando uma proporção exagerada, levado pelo enorme sucesso de “Patience”, sua principal faixa. Mais combustível para turnês intermináveis, muita grana no bolso e exageros de toda parte.

E essa megalomania culminou nos dois volumes de Use Your Illusion, que chegaram às lojas de todo o planeta em 17 de setembro de 1991. Mas, apesar do exagero de lançar dois álbuns duplos de maneira simultânea, revelando nada mais nada menos do que 30 novas canções, ao mesmo tempo, para os fãs, o Guns conseguiu conceber dois registros recheados de faixas fortes, que solidificaram o status do quinteto como a maior banda de rock do mundo.

Foi então que tudo começou a desabar. Embalados por doses industriais de ego, bebida e drogas, Axl entrou em conflito com Slash, que brigou com Duff, que brigou com o empresário, que saiu fora... Um monte de confusão. O GNR ainda liberaria o disco de covers The Spaghetti Incident? em 1993 e o ao vivo Live Era ’87-’93 em 1999, ao mesmo tempo em que, um por um, os músicos iam saindo fora do barco. Bye bye Slash, adeus Duff, tchauzinho Matt e todo mundo.

Só restou Axl. Que embarcou em uma jornada épica de mais de uma década, culminando no desastroso Chinese Democracy, lançado em 2008. Ao seu lado, uma enorme banda com três guitarristas e mais um monte de gente, rodando o mundo em apresentações destinadas aos fãs, sedentos por assistir ao vivo a magia que ficou perdida nos anos 1980.

E daí vem essa história de uma possível reunião da formação clássica da banda, com Slash e Duff ao lado de Axl novamente. Sério, gente? A cultura do classic rock é realmente muito nefasta, olhando apenas para o passado e desprezando praticamente tudo que seja produzindo hoje em dia - com exceção, adivinha, dos nomes que entregam uma sonoridade considerada “clássica”. O mundo anda pra frente, e é assim que a gente evolui. É inegável o impacto e a influência do Guns na história do rock, isso ninguém discute. Mas, o que também ninguém discute - com a provável exceção dos mais fanáticos - é que é impossível reviver a força e tudo mais que ficou perdido anos atrás.

Axl Rose tinha 25 anos em 1987. Hoje, tem 53 anos e não consegue cantar como antes, há tempos. Izzy Stradlin, principal compositor da banda, vive os seus cinquenta e tantos anos longe dos holofotes, e por escolha própria. O cinquentenário Duff está mais magro e tem uma vida saudável com seus discos solo, em um contraste violento com a figura inchada e sempre bêbada de 25 anos atrás. Slash tem gravado bons álbuns ao lado de Myles Kennedy, e, musicalmente, tem entregado discos bem interessantes. E Steven Adler virou um frequentador assíduo de programas tipo Celebrity Rehab.

Assim como Axl, Slash, Duff, Izzy e Staven mudaram muito nesse tempo todo, você também mudou. Cresceu, amadureceu, evoluiu. Descobriu novos sons, teve novas prioridades em sua vida. O Guns foi legal, mas é uma coisa do passado, de um tempo que não volta mais. Desejar com um retorno da banda, como se isso fosse trazer de volta toda a magia de décadas passadas, é como acreditar em Papai Noel e outras bizarrices.

Bola pra frente, gente. A fila anda, e a vez do Guns já passou, faz tempo...

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

10 opiniões sobre The Book of Souls, novo álbum do Iron Maiden

12:23

É difícil lembrar de outra banda desta geração capaz de soar ainda vital e inspirada depois de tantos anos como o Iron Maiden soa em The Book of Souls.
Classic Rock Magazine

Uma gigantesca jornada emocional através de algumas das melhores performances da carreira do Iron Maiden. A espera de cinco anos foi mais do que compensada com The Book of Souls.
Metal Hammer

O trabalho mais abrangente e confiável do Iron Maiden desde Brave New World, e com certeza um dos melhores discos do longo catálogo da banda.
Blabbermouth

Os antigos mestres estão novamente no topo de sua forma, de uma maneira como não víamos desde 1988. O Iron Maiden anda para frente como se não tivesse o passado que possui, recompensando seus fãs com um verdadeiro apogeu desta parte final de sua carreira.
PopMatters

É aconselhável que se ouça The Book Of Souls várias vezes até ter uma conclusão mais concreta. Mas, tendo em vista o que a banda vinha fazendo, trata-se de uma excelente pedida. Especialmente para quem sentia que o lado mais heavy vinha sendo deixado de lado em prol da veia prog. Bem que o futuro poderia trazer um disco mais Bruce/Adrian e menos Steve, só pelo curiosidade do que sairia.
Van do Halen

Ancorado tanto em sua inteligência quanto em sua musicalidade, The Book of Souls é um deleite que supera todas as expectativas. É muito heavy metal, e é muito, muito bom!
The Skinny

Com The Book of Souls, o Iron Maiden deixou ainda mais sólida a sua reputação de ícone do rock e do metal. O disco é mais um capítulo gratificante de uma carreira lendária que se distingue pela musicalidade hábil, letras inteligentes e um magistral trabalho de composição. Se The Book of Souls for o capítulo final, trata-se de um encerramento impressionante.
Metalholic

O disco tem muitos momentos que remetem aos anos clássicos da banda, mas também mostra que o Iron Maiden segue evoluindo e andando para frente. Ao invés de soar apenas como uma banda de heavy metal, o grupo inseriu elementos de rock progressivo em sua música nos últimos anos, e foi justamente isso que permitiu que o Maiden continuasse a soar relevante.
Examiner

O veredito? The Book of Souls é o melhor álbum do Iron Maiden desde o quase perfeito Brave New World. O time de compositores formado por Harris, Dickinson, Smith, Gers e Murray manifesta o seu talento individual em forma de criatividade coletiva, enquanto a performance e a produção mantém a excelência habitual. Fãs, podem se animar: o Iron Maiden atingiu o ouro com The Book of Souls!
Metal Assault

Um disco notável, principalmente por expandir os horizontes sonoros da banda e derrubar noções preconcebidas sobre o que é o Iron Maiden.
BraveWords

Opinião: os fantasmas se divertem

11:12

O mundo do heavy metal, muitas vezes, é bastante semelhante a uma competição frenética. Estão lá milhares de Usains Bolts tentando soar uns mais rápidos que os outros, transformando estilos mais extremos em uma corrida sem sentido e pra lugar nenhum. É possível encontrar o hype desgovernado e exacerbado, que embala guitarras agudas e a aproximação com o shoegaze na fórmula mágica que eleva uma banda desconhecida para o status de cult (alguém aí falou Deafheaven? Alguém?). Está lá o culto exagerado ao passado, às mesmas fórmulas já testadas e que deram certo milhões de vezes, em detrimento ao experimentalismo e à aproximação com outros estilos, principalmente os considerados mais acessíveis e “comerciais" (aliás, essa palavra assusta os fundamentalistas do heavy metal mais que a figura do cramulhão em pessoa).

Nesse rolo todo, onde nomes consagrados percebem que é muito mais vantajoso fazer turnês intermináveis com praticamente o mesmo setlist (o Metallica, por exemplo, acabou de bater o recorde de público da história da Suécia, colocando mais de 60 mil pessoas no Ullevi Stadium, em Gotemburgo) do que entrar em estúdio e gravar canções inéditas, e onde os poucos que decidem registrar suas novas ideias são cobrados explicitamente por não soarem "como deveriam soar" (tá aí o Iron Maiden experimentando em seus últimos quatro discos e sendo mal recebido por uma grande parcela dos fãs, que ainda esperam que eles soem, do alto de seus 60 anos de vida, como soavam quando tinham vinte e poucos anos e gravaram Powerslave), o Ghost é um ponto fora da curva. E ainda bem que é assim.

A banda sueca, que os mais preguiçosos teimam em resumir ao aspecto visual e a uma suposta semelhança com o Mercyful Fate (e que, na verdade, musicalmente está muito mais próxima do Blue Öyster Cult do que da trupe de King Diamond), é muito inteligente. E usa essa característica ao olhar para o passado e pinçar, com rara maestria, aspectos sonoros de décadas anteriores, utilizados na construção de uma sonoridade refrescante, atual e contagiante. E, acima de tudo, extremamente contrastante com a correria e a busca pela agressividade cada vez mais extrema que pautam o metal atualmente.

Isso faz o Ghost ser uma banda diferente. E, como todo mundo sabe, quem é diferente se destaca em um mundo de iguais. Embalados pelo visual ao mesmo tempo macabro e fascinante, lição aprendida de maneira exemplar com ícones como Alice Cooper e Kiss, o Ghost consegue produzir uma música de inegável qualidade. Isso já havia ficado claro nos dois primeiros discos do grupo - o surpreendente Opus Eponymous (2010) e o ótimo Infestissumam (2013) - e é outra vez evidente em Meliora, terceiro álbum do sexteto, lançado na última semana.

O trabalho equilibra aspectos dos dois registros anteriores. Há a espontaneidade da estreia, evidente em faixas como “Spirit" e “From the Pinnacle to the Pit”, e também a saudável vontade de experimentar e tentar novos caminhos de Infestissumam, percebida em faixas como “Cirice”, “He Is” e “Deus in Absentia”. A banda, como já havia feito em seu segundo álbum, não se prende aos limites estilísticos do heavy metal, e mete o pé sem medo na psicodelia, no prog e até mesmo no pop. E é justamente essa atitude, essa coragem e essa postura destemida que fazem com que o Ghost brilhe e se sobressaia cada vez mais.

Com Opus Eponymous, Infestissumam e Meliora, os suecos liderados por Papa Emeritus criaram uma trilogia ao mesmo enigmática e apaixonante. Uma história que a cada disco, a cada passo, conduz a banda em uma trajetória ascendente, conquistando um número cada vez maior de corações e mentes.

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