terça-feira, 30 de junho de 2015

Enslaved, a obra-prima do Soulfly


Enslaved, oitavo álbum do Soulfly, acentua o direcionamento que a banda de Max Cavalera vem seguindo nos últimos anos, aproximando-se cada vez mais não só do thrash metal, mas também do death – além de alguns flertes com o black metal. Não há nem sombra do experimentalismo dos primeiros álbuns, que traziam efeitos eletrônicos e coisas do gênero.

Ao lado de Max estão o parceiro Mark Rizzo nas guitarras e os estreantes Tony Campos (Static-X, Asesino) e o baterista David Kinkade (Borknagar), constituindo uma das formações mais consistentes nas quase duas décadas de história do grupo. Além disso, Enslaved conta com as participações especiais de Travis Ryan (vocalista do Cattle Decapitation) em “World Scum”, Dez Farfara (vocalista do Coal Chamber e do DevilDriver) em “Redemption of Man by God” e dos filhos de Max – Richie, Zyon e Igor Jr. - em “Revengeance”.

Produzido por Chris “Zeuss” Harris (3 Inches of Blood, Chimaira, Shadows Fall) e pelo próprio Max, Enslaved é um disco incrível. As composições são excelentes, fortíssimas. Nelas, o guitarrista e vocalista conduz a banda por uma sonoridade que pode ser definida como uma espécie de thrash metal contemporâneo, com muita agressividade e peso. Em certas passagens, a banda, como mencionado antes, faz uso de elementos ainda mais extremos, inserindo características do death e até mesmo do black metal – como blast beats, por exemplo -, deixando o seu som ainda mais poderoso. Há uma boa dose de melodia na parte instrumental, que, aliada ao peso e à agressividade da performance como um todo, torna as faixas muito fortes e cativantes.

David Kinkade deu uma declaração onde afirmou que Enslaved soava como se Arise tivesse sido turbinado com doses de crack. A afirmação faz sentido. As músicas soam como se Max tivesse dado sequência ao clássico do Sepultura. A consistência e a qualidade das composições impressionam, bombardeando o ouvinte com uma sequência de faixas que batem no peito e fazem qualquer headbanger bater cabeça instantaneamente.

Destaque para “World Scum”, “Gladiator”, a porrada de “American Steel”, “Redemption of Man by God”, “Plata O Plomo” (com instrumental que une o metal ao flamenco e cuja letra, cantada em português por Max e em espanhol por Campos, faz referência ao lendário traficante colombiano Pablo Escobar), “Chains” (mais de sete minutos de uma odisséia thrash que fará os fãs irem às lágrimas) e o grito familiar de “Revengeance”, onde Max mostra que está preparando bem os herdeiros para, um dia, assumirem o seu lugar.


Pondero muito antes de dar a nota máxima para um disco. O motivo para isso é que vejo tantos reviews de sites e revistas especializadas em heavy metal para álbuns apenas medianos recebendo nota 8 pra cima, que tenho a impressão que qualquer disco legalzinho já é considerado pela maioria um clássico. Mas em Enslaved vou ter que abrir uma exceção. O álbum é admirável do começo ao fim, e, para mim, é o melhor trabalho de toda a carreira do Soulfly.

Se 2012 acabasse hoje, esse seria o disco do ano!

O texto acima foi escrito e publicado no dia 8 de março de 2012. Ou seja, há mais de três anos. E, ouvindo Enslaved hoje em dia, passados mais de mil dias de seu lançamento, a opinião, a impressão, o sentimento e a convicção continuam iguais. Trata-se de um álbum espetacular, feroz e criativo, e que ocupa o topo da carreira do Soufly como o melhor trabalho gravado por Max Cavalera após a sua saída do Sepultura. Se, por algum motivo ou por várias razões, você ainda não tenha colocado os ouvidos no disco, aproveite este texto e sangre os seus ouvidos com prazer.

Um comentário:

  1. Pelo visto o novo album do Soulfly, Archangel, vai seguir o mesmo estilo do Enslaved / Pandemonium (Cavalera Conspiracy). O novo single já mostra isso, https://www.youtube.com/watch?v=4YXRxGJPV2I

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