quarta-feira, 22 de julho de 2015

Uma agradável má companhia


Após o encerramento das atividades do Free, poucos acreditavam que Paul Rodgers e Simon Kirke poderiam lançar algo tão bom em tão pouco tempo. Claro que estamos falando de músicos excepcionais, especialmente Rodgers, mas o processo que leva ao encerramento das atividades de uma banda é desgastante, cansativo e avassalador, principalmente em um caso como o do Free, onde Rodgers, Kirke e Andy Fraser viram a amizade entre os integrantes ser devastada pela dependência química de Paul Kossoff.

Na ressaca de todo esse processo surgiu o Bad Company. Do Free vieram Rodgers e Kirke. Do Mott the Hoople, o guitarrista Mick Ralphs, enquanto o King Crimson havia sido a banda anterior do baixista Boz Burrell. Essa formação fez com que a imprensa logo os rotulasse como um super grupo, característica que ficou ainda mais forte após Peter Grant, o lendário empresário do Led Zeppelin, anunciar que seria o manager do grupo. Essa ponte entre as duas bandas fez com que o Bad Company fosse o primeiro contratado e lançasse o primeiro disco do Swan Song, o selo fundado por Page, Plant e companhia.

Lançado em 15 de junho de 1974, Bad Company foi um sucesso tremendo, com o álbum atingindo o primeiro posto nos charts da Billboard. Os singles do álbum também fizeram bonito, com “Can´t Get Enough” alcançando a posição de número cinco, e “Movin’ On” a décima-nona.

Realmente, as oito faixas que formam o álbum apresentam uma qualidade indiscutível. A já citada “Can´t Get Enough” é uma pedrada hard guiada pela guitarra de Ralphs. “Rock Steady” é um hard blues onde toda a banda brilha, com destaque para Ralphs e para a magnífica interpretação de Rodgers. A balada “Ready for Love” se transformou em um dos maiores clássicos do grupo, e é de uma simplicidade tocante.


A música que dá nome ao grupo e ao disco, “Bad Company”, é uma densa balada blues que contém uma das melhores interpretações de toda a carreira de Paul Rodgers, um vocalista que deveria ser muito mais reconhecido do que é. Marca registrada da banda, até hoje é um dos pontos altos dos shows. “The Way I Choose” revela momentos lindos em suas linhas vocais e em seu arranjo, emocionando todo e qualquer apreciador de música. O álbum fecha com o single “Movin' On”, que traz enormes influências do Free, e a clássica “Seagull”, uma das mais emblemáticas composições do grupo.

Após a estreia, o Bad Company lançaria mais quatro ótimos discos - Straight Shooter em 1975, Run With the Pack em 1976, Burnin' Sky em 1977 e Desolation Angels em 1979, sendo que os três primeiros são fundamentais em qualquer coleção de respeito.

Paul Rodgers sairia em 1982, sendo substituído por Brian Howe (da banda de Ted Nugent), e durante a sua ausência o Bad Company enveredou por caminhos sonoros discutíveis, deixando de lado o blues rock e o hard que o haviam consagrado e investindo em uma sonoridade mais pop, que visava exclusivamente o crescimento do grupo no mercado norte-americano. Rodgers voltou em 1998, e desde então o Bad Company tem realizado shows frequentes, mantendo vivo o seu legado como um dos mais importantes grupos de hard rock dos anos 1970.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

About Us

Recent

Random