quinta-feira, 21 de maio de 2015

Faith No More - Sol Invictus (2015)


18 anos. Quando somos adolescentes, sonhamos alcançar este idade mágica. A maturidade. Poder fazer a carteira de motorista. Ser maior de idade e mais um monte de coisas. Fiz 18 em 1990, ano em que o Faith No More começava a estourar com The Real Thing, disco lançado em 1989 e que traz alguns dos maiores clássicos da banda, como “Epic”, “From Out to Nowhere” e “Falling to Pieces”. Apesar do enorme sucesso, confesso que prefiro o álbum seguinte dos norte-americanos, o sensacional Angel Dust (1992), um dos discos mais agressivos e imprevisíveis em que já coloquei os ouvidos. 

Mas também me sinto obrigado a confessar que, na verdade, o Faith No More nunca foi uma das minhas bandas favoritas. Não sei dizer o motivo, mas o grupo nunca me bateu de maneira profunda a ponto de figurar naqueles infinitos top 10 que a gente que gosta de música e cultura pop elabora todas as semanas. Reconheço a criatividade e admiro a inquietude do quinteto  que alcançou o seu ápice em Angel Dust em minha opinião, mas Mike Patton e companhia nunca me comoveram a ponto de me deixar de joelhos por sua música.

18 anos. Este é o tempo que separa Album of the Year (1997) de Sol Invictus, primeiro disco de inéditas do FNM em quase duas décadas. Lançado em 18 de maio, o play foi produzido pelo baixista Billy Gould. O time é praticamente o mesmo: Patton nos vocais, Gould no baixo, Roddy Bottum nos teclados e Mike Bordin na bateria. A única mudança é Jon Hudson no lugar de Jim Martin, o guitarrista com cabeleira crespa de fazer inveja a Slash. Mas Hudson já estava no disco lá de 1997, então a festa continua.

As dez faixas de Sol Invictus podem ser resumidas em uma palavra: maturidade. Sim, aquela mesmo que a gente teoricamente alcança aos 18 anos, mas que, na verdade, leva muito mais pra chegar (ou, como diria o escritor gaúcho André Takeda, autor de O Clube dos Corações Solitários: “a maturidade é uma fase, a adolescência é para sempre”). Investindo na pluralidade que sempre foi uma de suas marcas registradas, a banda entrega caminhos diferentes em cada uma das canções de Sol Invictus. Do que se espera do quinteto na roqueira “Superhero" a uma valsinha satânica e roqueira em “Rise of the Fall”. Da soturna e climática faixa-título à contemplativa e sombria “Cone of Shame”, onde Patton alterna momentos onde canta com outros em que declama a letra como um velho ator de filmes de terror na escola de Vincent Price. Ou o pop que lembra os Wings de Paul McCartney em “Black Friday” e o seu oposto, a experimental “Motherfucker”, cujo título é cantado com toda pompa e circunstância em seu refrão. Ou a visita ao clima da Broadway na linda “Matador”, um contraste com a simultaneamente ensolarada e contemplativa “From the Dead”, que fecha o álbum.

Quanto tinha 18 anos, eu imaginava que ao alcançar os 42 anos a minha vida já estaria toda resolvida, com tudo o que sempre quis e sonhei. Hoje, aos 42 anos, muitos dos sonhos daquele garoto de 18 anos continuam vivos, convivendo lado a lado com as responsabilidades, os desafios e os cabelos brancos que o tempo trouxe. Talvez isso seja a tal maturidade, vai saber. O que sei é que Sol Invictus é um dos melhores discos lançados pelo Faith No More em sua carreira, e está lado a lado com The Real Thing e Angel Dust como os momentos mais altos de sua discografia, o que não quer dizer pouca coisa.

Um dos melhores álbuns de 2015, sem dúvida!

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Retorno surpreendente e o mais importante, muito honesto...a qualidade do disco é inegável. Um dos melhores do ano, de fato!

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  3. bom review cadao

    não sei se é pedir muito, mas, ligado ao heavy/hard poderia indicar bandas novas/não tão novas como fazias na collectors ?

    la recentemente conheci Wino & Conny Ochs, Royal Thunder, Von Hertzen Brothers, Forn e Pelican

    talvez não conheceria se não fosse pela collectors

    abcs

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  4. Gosto bastante do FNM,dos anteriores só nao curto o primeiro EP da banda e tb acho o Angel dust o melhor da banda! Mas ouvi o novo duas vezes e por enquanto to achando esse retorno descartável...

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