Um Disco por Dia
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Nascido em 8 de agosto de 1907 em Nova York, Benjamin Lester Carter foi um saxofonista, multi-instrumentista, arranjador, compositor e bandleader norte-americano. Sua longa carreira contém uma das mais extensas, influentes e cultuadas trajetórias da história do jazz.
Apreciador do sax alto, Carter também tinha grande habilidade e técnica no trompete e dominava igualmente o clarinete, o piano e o trombone. Grande improvisador, fazia o som do seu saxofone flutuar sobre harmonias complexas, que geravam agradáveis melodias aos ouvidos. Benny Carter foi também um dos criadores das big bands, antecipando conceitos harmônicos que seriam utilizados mais tarde no bebop.
Jazz Giant, lançado em 1958, é um dos pontos mais altos de sua carreira, e um documento da época em que o swing dava as cartas no gênero. Cercado por músicos da costa oeste - além do próprio Carter no sax alto e no trompete, o grupo era completado pelo também cultuado Ben Webster no sax tenor, Frankie Rosolino no trombone, Andre Previn e Jimmy Rowles no piano, o excelente Barney Kessel na guitarra, Leroy Vinnegar no baixo e Shelly Manne na bateria -, Benny conduz os instrumentistas em uma das sessões de jazz mais iluminadas, e abençoadas, do século XX.
O disco é um deleite aos ouvidos. Os solos de Carter são gentis e elegantes. Webster complementa e se contrapõe a Benny, entrelaçando sons de seu instrumento às harmonias conduzidas por Carter. Kessel brilha intensamente, com um trabalho e um timbre de guitarra que demonstram que o instrumento não serve apenas para criar pesados e distorcidos riffs, como muita gente pensa.0
Entre as faixas, momentos sublimes como a abertura, "Old Fashioned Love"; a versão arrepiante de "I´m Coming Virginia"; o ritmo quebrado e contagiante de "Blue Lou"; a clássica "Ain´t She Sweet", perfeita para se ouvir caminhando sem rumo por aí; "How Can You Lose", com passagens arrepiantes de Carter no trompete; e a jam "Blues My Naughty Sweetie Gives to Me", que fecha o play com gostinho de quero mais.
Ainda assim, nada se compara ao andamento repleto de malícia e sensualidade de "A Walkin´ Thing", uma daquelas composições que tem o poder, já em suas primeiras notas, em seus primeiros segundos, de nos transportar para mundos desconhecidos e maravilhosos, repletos de cores e sensações que hipnotizam de tal maneira que fazemos questão de sempre voltar para lá.
Enfim, como já li em vários artigos, Benny Carter é provavelmente o maior bandleader desconhecido da história do jazz, o que a simples audição desse disco já comprova ser uma gigantesca injustiça.
Jazz Giant é um daqueles álbuns que, por mais que fiquem bonitos em sua estante, funcionam melhor ainda quando teimam em não sair do aparelho de som. Faça a experiência: coloque o disco para tocar e daqui a algumas semanas, quando você já o tiver ouvido dezenas de vezes e ainda sentir o mesmo frescor inicial da primeira audição, me diga se eu não estou correto.
Todos os dias, um review analisando um título da minha coleção. Pra ouvir na boa e de bem com a vida.
Um disco por dia: Benny Carter - Jazz Giant (1958)
Reviewed by
Ricardo Seelig
on
19:00
Rating:
5
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